Júlio Monteiro surge em conversas relacionadas com terrenos perto do ex-futuro aeroporto da Ota
Júlio Monteiro, o tio de José Sócrates, aparece novamente como suposto intermediário de um negócio entre um promotor imobiliário e o seu sobrinho primeiro-ministro.
Um promotor imobiliário da zona de Aveiras enviou uma carta ao Procurador-Geral da República, onde acusa a «Estamo», empresa pública responsável pela venda do património do Estado, de falta de transparência na forma como entregou dois imóveis na região de Peniche e Alcoentre.
Na carta, o mesmo promotor faz questão de contar que se socorreu da ajuda do tio de José Sócrates, Júlio Monteiro, que já admitiu ter servido também de intermediário no caso Freeport.
Os imóveis em causa são a colónia prisional e o colégio de Peniche, perto do ex-futuro Aeroporto da Ota. Luís Leal de Oliveira entrou no concurso para a compra das duas fracções, oferecendo 5 milhões de euros, mas perdeu.
«Quando percebi que tinha de tentar falar com alguém, um amigo disse-me que conhecia Júlio Monteiro», contou à TVI, explicando que o encontro acabaria por realizar-se no parque de estacionamento da antiga Praça de Touros de Cascais: «Achei que estava a entrar num filme. Como em O Padrinho, que se passa dentro do automóveis. Levei uma cartinha a expor a situação e o senhor esteve a ler com atenção. Disse-me que era uma situação desagradável, porque é na Ota e está a ser uma chatice para o sobrinho. Disse que ia ligar ao outro sobrinho», conta.
O processo avançou e dois dias depois é contactado para marcar uma reunião. Quando chegou à «Estamo» foi informado pelo administrado Filipe Ondas Fernandes que não havia hipótese de negócios, mas que poderia olhar para outras oportunidades. «Achei que havia marosca, ilegalidades e talvez tráfico de influências», refere, por isso escreveu uma carta ao Procurador-Geral da República, a quem contou a situação.
Júlio Monteiro reage
Júlio Monteiro já reagiu. Há uma semana, o tio do primeiro-ministro disse ao jornal «Sol» que não conhecia o promotor, mas agora reconhece que teve um encontro com Luís Leal de Oliveira no parque de estacionamento da antiga Praça de Touros de Cascais.
Mas Júlio Monteiro garante que nunca falou com o «Zézito», nem como o «Tozé» sobre o promotor de Aveiras. Ou seja, nem como o primeiro-ministro, nem com o irmão. Ainda assim, Júlio Monteiro reconhece que até podia ter falado, se em causa estivesse um assunto com interesse, como por exemplo o Freeport.
Quanto à «Estamo», a empresa pública responsável pela venda dos imóveis de Peniche e Alcoentre, diz desconhecer a existência de qualquer queixa entregue na Procuradoria-Geral da República contra a venda dos imóveis, mas não explica, por exemplo, porque é que dois anos depois ainda não há uma escritura feita.
«Não contactei nem o Tozé, nem o Zezito, ou seja, nem o primeiro-ministro, nem o seu irmão», disse Júlio Monteiro à TVI, admitindo que se fosse um assunto importante, até poderia ter falado: «Se o assunto tivesse algum interesse ou económico ou de corrupção, poderia falar». Como no caso Freeport: «É que o Charles ainda vá lá, porque era uma pessoa que eu conhecia há bastante tempo e quer me apareceu com u assunto de algum interesse para que o meu sobrinho tivesse uma actuação. Casos como o Freeport? Nunca mais na minha vida, eu jurei a mim próprio, interceder em alguma coisa».
A «Estamo», empresa pública responsável pela venda dos terrenos de Alcoentre e do Colégio de Peniche garante que desconhece que exista qualquer queixa na Procuradoria-Geral da República contra a transparência de venda destes imóveis.
A administração recusou gravar uma reacção, mas garante que o administrador Filipe Ondas Fernandes apenas apresentou os dossiês de outros quatro imóveis, porque Luís Leal de Oliveira teria mostrado interesse em adquiri-los.
O que a empresa não explicou, por exemplo, foi porque é que passados dois anos de ter decidido a quem entregar os imóveis, ainda não tem qualquer escritura."
daqui
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