Jorge Pedreira admitiu o óbvio: a Avaliação do Desempenho não tem por
objectivo cimeiro aumentar a qualidade da oferta educativa das escolas
e, muito menos, promover o desenvolvimento profissional dos docentes.
Nas palavras do Secretário de Estado (que é Jorge mas que de educação
nada percebe) apenas visa contribuir para a redução do défice público.
-- Eureka!
O enigma da má-fé ministerial fica finalmente revelado.
No fórum da 'TSF' da manhã de hoje, Pedreira, justificou os motivos
pelos quais o ME discorda da proposta de António Vitorino em adiar a
avaliação e testar-se o modelo preconizado pelo M.E. em escolas piloto
durante um ou dois anos.
Pedreira (o Jorge, que até é secretário da ministra Lurdes), confessou
o politicamente inconfessável: '*Terá de haver avaliação para que os
professores possam progredir na carreira e assim possam vir beneficiar
de acréscimos salariais*' (sic).
Ou seja, aquilo que hoje se discute no mundo ocidental (democrático e
desenvolvido, como rotula mas desconhece a 'primeira ministra'), gira
em torno da dicotomia de se saber se a avaliação do desempenho docente
serve propósitos de requalificação educativa (se para isso
directamente contribui) ou se visa simplesmente constituir-se em mais
um instrumento de redução do défice público.
Nesta matéria, Pedreira (o tal que é Jorge e ao mesmo tempo teima em
ser secretário da ministra que também parece oriunda de uma pedreira),
foi claro: *Importa conter a despesa do Estado com a massa salarial
dos docentes *; o resto (a qualidade das escolas e do desempenho dos
professores) é tanga(!!!).
Percebe-se, assim, porque motivo este modelo de avaliação plagia
aquele que singra na Roménia, no Chile ou na Colômbia. Países aos
quais a OCDE, o FMI, o *New Public Management* americano, impôs: *a
desqualificação da escola pública em nome da contenção da despesa
pública*; Percebe-se, assim, porque razão a ministra Maria de Lurdes
(que tem um secretário que, como ela, também é pedreira) invoque a
Finlândia para revelar dados estatísticos de sucesso escolar e a
ignore em matéria de avaliação do desempenho docente.
Percebo a ministra pedreira: não se pode referenciar aquilo que não existe.
A Finlândia, com efeito, não tem em vigor qualquer sistema ou modelo
formal e oficial de avaliação do desempenho dos professores!
Agradeço à pedreira intelectual que grassa no governo de Sócrates (que
por acaso não é pedreiro -- até é engenheiro), finalmente nos ter
brindado com tão eloquente esclarecimento. Cito-os:
*A avaliação dos Docentes é mais um adicional instrumento legislativo
para combater o défice público (!).
Obrigado, Srs. Pedreiras, pela clarificação do óbvio.
*P. S. - Passem palavra e não queremos acordos!!!*
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