quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Na morte de Vitor Alves, Alice Vieira

NA MORTE DE VÍTOR ALVES
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Por Alice Vieira

ESTAVA EM VISEU, quando um SMS me avisou: "Morreu o Vítor Alves".
Infelizmente era uma notícia daquelas que se esperam — mas que, no fundo, nunca se esperam. Porque todos os nossos amigos são eternos e, quando descobrimos que não são, temos muita dificuldade em acreditar.
Vítor Alves pertencia àquele grupo de homens a quem devemos viver hoje em liberdade e em democracia. Para as gerações mais novas, isto parece um dado tão adquirido que nem lhes passa pela cabeça que alguma vez pudesse ter sido doutra maneira.
Mas foi. Durante muitos anos.
Até que um dia estes homens decidiram arriscar tudo -- vida, liberdade, carreira, saúde, família—em nome de um sonho que, com desvios e loucuras e erros e recuos, ainda é o que hoje nos mantém vivos e actuantes.
Esta é uma dívida que nunca poderemos pagar — nem eles estavam à espera disso.
Mas é muito triste descobrir como as pessoas têm a memória curta.
Foi vergonhosa a maneira como a morte de Vítor Alves foi tratada nos meios de comunicação — já para não falar das muitas horas de um velório quase vazio, quando deveria ter estado SEMPRE, em todas as horas, cheio de gente.
Atirada a notícia para o rodapé dos telejornais — que se enchiam do assassínio de Carlos Castro em Nova Iorque, com direito a um rol de jornalistas em directo, e entrevistas a meio mundo.
Reduzida, num jornal dito de referência, no dia a seguir ao enterro, a uma pequena fotografia em que se via a parte de trás do carro funerário e dois homens a ajudar a colocar o retrato junto do caixão — enquanto páginas inteiras continuavam reservadas ao crime passional de Nova Iorque.
Mas Vítor Alves não se meteu em escândalos, não morreu num hotel de luxo em Nova Iorque, não alimentou crónicas cor-de-rosa, nem sequer pertencia ao jet-set.
Pecados por demais suficientes para o atirar para o limbo dos que não merecem mais que uma breve evocação.
Mas se calhar é aí que ele fica bem — ao lado dos que deram tudo pela pátria, e que a pátria, vergonhosamente, esqueceu.
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«JN» de 14 Jan 11
Publicada por Alice Vieira em 08:10
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domingo, 23 de janeiro de 2011

Redução de vencimentos: um texto do Prof. Luís Menezes Leitão

Redução de vencimentos
Um texto lúcido do Prof. Luís Menezes Leitão, da Faculdade de Direito de Lisboa, a fazer furor na blogoesfera....
Data: Wed, 12 Jan 2011


"Fico perfeitamente siderado quando vejo constitucionalistas a dizer que não há qualquer problema constitucional em decretar uma redução de salários na função pública.

Obviamente que o facto de muitos dos visados por essa medida ficarem
insolventes e, como se viu na Roménia, até ocorrerem suicídios, é apenas um pormenor sem importância.

De facto, nessa perspectiva a Constituição tudo permite.


É perfeitamente constitucional confiscar sem indemnização os rendimentos
das pessoas.

É igualmente constitucional o Estado decretar unilateralmente a extinção
das suas obrigações apenas em relação a alguns dos seus credores, escolhendo naturalmente os mais frágeis.

E finalmente é constitucional que as necessidades financeiras do Estado
sejam cobertas aumentando os encargos apenas sobre uma categoria de cidadãos.

Tudo isto é de uma constitucionalidade cristalina.


Resta acrescentar apenas que provavelmente se estará a falar, não
da Constituição Portuguesa, mas da Constituição da Coreia do Norte.

É por isso que neste momento tenho vontade de recordar Marcello Caetano,
não apenas o último Presidente do Conselho do Estado Novo, mas também o prestigiado fundador da escola de Direito Público de Lisboa.

No seu Manual de Direito Administrativo, II, 1980, p. 759, deixou
escrito que uma redução de vencimentos "importaria para o funcionário uma degradação ou baixa de posto que só se concebe como grave sanção penal".

Bem pode assim a Constituição de 1976 proclamar no seu preâmbulo que "o
Movimento das Forças Armadas [...) derrubou o regime fascista".

Na perspectiva de alguns constitucionalistas, acabou por consagrar um
regime constitucional que permite livremente atentar contra os direitos das pessoas de uma forma que repugnaria até ao último Presidente do Estado Novo.

Diz o povo que "atrás de mim virá quem de mim bom fará". Se no
sítio onde estiver, Marcello Caetano pudesse olhar para o estado a que deixaram chegar o regime constitucional que o substituiu, não deixaria de rir a bom rir com a situação."
"Perderei a minha utilidade no dia em que abafar a voz da consciência em mim"

Mahatma Gandhi

Esquerda vs Direita

Como entregar cópias do BI (aconselhamento da Polícia)

O Correcto e o Justo

Coincidentemente, dois juízes encontram-se no corredor do acesso a um motel e, constrangidos, reparam que cada um estava com a mulher do outro.

Após alguns instantes de silêncios e de 'saia justa' mas, mantendo-se a compostura própria de magistrados, em tom solene e respeitoso um diz ao outro:

- Nobre colega, e não obstante este fortuito imprevisível, sugiro que desconsideremos o ocorrido, crendo eu que o CORRECTO seria que a minha mulher venha comigo, no meu carro, e a sua mulher volte com Vossa Excelência no seu.

Ao que o outro respondeu:

- Concordo plenamente, nobre colega, que isso seria o CORRECTO, sim... no entanto, não seria JUSTO, levando-se em consideração que...

vocês estão saindo... e nós estamos entrando...
  

Madeira: governação monárquica em plena república

Pois é... aqui está a prova de um tipo de governação monárquica em plena república.
A lista VIP, o verdadeiro motor do enriquecimento da Madeira, e tire as suas conclusões...

Alberto João Jardim - Presidente do Governo Regional
Filha - Andreia Jardim - Chefe de gabinete do vice-presidente do Governo Regional
João Cunha e Silva - vice-presidente do governo Regional
Mulher - Filipa Cunha e Silva - é assessora na Secretaria Regional do Plano e Finanças
Maurício Pereira (filho de Carlos Pereira, presidente do Marítimo) assessor da assessora
Nuno Teixeira (filho de Gilberto Teixeira, ex. conselheiro da Secretaria Regional) é assessor do assessor da assessora
Brazão de Castro - Secretário regional dos Recursos Humanos
Filha 1 - Patrícia - Serviços de Segurança Social
Filha 2 - Raquel - Serviços de Turismo
Conceição Estudante - Secretária regional do Turismo e Transportes
Marido - Carlos Estudante - Presidente do Instituto de Gestão de Fundos Comunitários
Filha - Sara Relvas - Directora Regional da Formação Profissional
Francisco Fernandes - Secretário regional da Educação
Irmão - Sidónio Fernandes - Presidente do Conselho de administração do Instituto do Emprego
Mulher - Directora do pavilhão de Basket do qual o marido é dirigente
Jaime Ramos - Líder parlamentar do PSD/Madeira
Filho - Jaime Filipe Ramos - vice-presidente do pai
Vergílio Pereira - Ex. Presidente da C.M.Funchal
Filho - Bruno Pereira - vice-presidente da C.M.Funchal, depois de ter sido director-geral do Governo Regional.
Nora - Cláudia Pereira - Trabalha na ANAM empresa que gere os aeroportos da Madeira
Carlos Catanho José - Presidente do Instituto do Desporto da Região Autónoma da Madeira
Irmão - Leonardo Catanho - Director Regional de Informática (não sabia que havia este cargo)
Rui Adriano - Presidente do Conselho de administração da Sociedade de Desenvolvimento do Norte e antigo membro do Governo Regional
Filho - ???? - Director do Parque Temático da Madeira
João Dantas - Presidente da Assembleia Municipal do Funchal, administrador da Electricidade da Madeira e ex. presidente da C.M.Funchal
Filha - Patrícia - presidente do Centro de Empresas e Inovação da Madeira.
Genro (marido da Patrícia) - Raul Caíres - presidente da Madeira Tecnopólio (sabem o que isto é?)
Irmão - Luís Dantas - chefe de Gabinete de Alberto João Jardim
Filha de Luís Dantas - Cristina Dantas - Directora dos serviços Jurídicos da Electricidade da Madeira (em que o tio João Dantas é administrador)
João Freitas, marido de Cristina Dantas director da Loja do Cidadão

E a lista continua.......

Comparados com os resultados em todas as regiões, a Madeira é uma autêntica lição para os pacóvios da nossa Assembleia da República, do Governo Central e do Poder Autárquico.

É neste exemplo que devemos pensar quando o Sr. Presidente da República nos indica o caminho do rigor e sentido de Estado ?

Viva a Madeira ! Viva o seu Presidente!

sábado, 22 de janeiro de 2011

Deputados ingleses...Para vergonha dos nossos!

Esta informação é muito útil e deve ser divulgada, para saberem todos o que fazemos quando votamos em parasitas, que se recusam a reduzir os seus privilégios mas votam para que seja o povo trabalhador a fazer os sacrificios para que a Nação não se afunde, quando somos nós que lhes pagamos e os pusemos lá. Nunca vi tanta incompetência junta !!!

DEPUTADOS NO REINO UNIDO...!

Não é de estranhar, mas é interessante saber... como tudo é diferente...!
Os deputados do Reino Unido, na "Mãe dos Parlamentos",

1 . não têm lugar certo onde sentar-se, na Câmara dos Comuns;

2 . não têm escritórios, nem secretários, nem automóveis;

3 . não têm residência (pagam pela sua casa em Londres ou nas províncias); detalhe: e pagam, por todas as suas despesas, normalmente, como todo e qualquer trabalhador;

4 . não têm passagens de avião gratuitas, salvo quando ao serviço do próprio Parlamento.

E o seu salário equipara-se ao de um Chefe de Secção de qualquer repartição pública.

Em suma, são SERVIDORES DO POVO e não PARASITAS do mesmo.

A propósito, sabiam que, em Portugal, os funcionários não deputados que trabalham na Assembleia têm um subsídio equivalente a 80 % do seu vencimento? Isto é, se cá fora ganhasse 1000,00? lá dentro ganharia 1800,00? Porquê? Profissão de desgaste rápido? E por que é que os jornais não falam disto?

Porque têm medo? Ou não podem? Nada disso. Os jornais são "isentos"............

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ATENÇÃO: Só resistirão 2 bancos


Atenção:
"Se a crise global continuar, para o fim do ano somente dois bancos ficarão operacionais:
o Banco de Sangue e o Banco de Esperma!
Mais tarde estes 2 bancos serão fundidos, internacionalizados e passará a ser chamado:
The Bloody Fucking Bank"

EDP - é bom estar informado

A maior parte dos clientes nem faz ideia, mas o fornecimento da electricidade em nossas casas que deveria ser feita a 220v, na maior parte dos casos nem chega a 170v.
Muitos se interrogaram já porque é que aquela impressora às vezes não imprime, porque é que o micro-ondas demora tanto a aquecer, porque é que as máquinas estão sempre a avariar, enfim, montes de problemas que julgamos ser avarias de mau funcionamento dos aparelhos e ... lá vai a televisão para arranjar, a varinha mágica para o lixo, etc.
Na maior parte dos casos deve-se a esse problema, e não só a EDP é obrigada por lei a colocar um aparelho medidor da tensão da corrente, como a indeminizar os clientes pelos prejuizos causados.

Telefone para 800 506 506 e peça para verificarem a tensão da corrente de vossa casa. A EDP É OBRIGADA E NÃO PODE COBRAR NADA POR ISSO.
No caso dos aparelhos avariados junte as facturas das reparações ou substituições e envie cópias para COMPANHIA DE SEGUROS FIDELIDADE - MUNDIAL, S.A. com sede no Largo do Calhariz, 30 - 5º, 1249-001 Lisboa através da apólice nº 8.311.332, exigindo a respectiva indeminização.
A EDP é obrigada por lei a pagar os prejuízos.

Muitos clientes já pediram a verificação e depois de constatar que nalguns casos a corrente era muito inferior a 220v foram reembolsados de todos os prejuízos.

A EDP NÃO INFORMA OS CLIENTES PORQUE NÃO INTERESSA. E À MAIOR PARTE DOS CLIENTES NEM LHES PASSA PELA CABEÇA.

JÁ NÃO CHEGAM OS LUCROS CHORUDOS À NOSSA CUSTA E O AUMENTO DA ELECTRICIDADE SEM JUSTIFICAÇÃO, AINDA FORNECEM ENERGIA DE FORMA ILEGAL.

RECLAMEM...OU PELO MENOS REENCAMINHEM
O VOSSO AMIGO PODE PRECISAR DE SABER DISTO

Comissões cobradas no multibanco ... IMPORTANTE


ATENÇÃO!
BPN já começou a cobrar comissões nos Multibancos e o SANTANDERtambém !
Cobram uma comissão por cada levantamento, isto porque não têm protocolo com a SIBS, é considerado cash-advance, tal como quando se levanta dinheiro a crédito.
   Num levantamento de 100€  -  a cobrança pode ir até aos 5,83 €. É dinheiro!

Distribua esta informação pelos seus contactos
Obrigado

Gamasutra, Mia Couto

A miséria é, infelizmente, fértil nesse paradoxo: em vez de produzirmos riqueza, produzimos ricos. Antes fossem ricos. Porque são apenas endinheirados. E endinheirados que não produzem.

O Kamasutra não seria a prenda mais apropriada para a presente quadra. Nem sequer seria oferta original. Se é para dar um presente que seja algo que fale do gosto de nos darmos, da identidade de quem dá. Por isso, este Natal vou dar um livro que traduza a nossa originalidade e que, sendo publicação recente, cedo rivalizará com o célebre livro sobre os prazeres do amor.

A longa lista de tentadoras posições sexuais do Kamasutra cedo ficará esquecida perante o rasgão criativo desta outra obra. Falo, é claro, do "Gamasutra, a infinita arte do gamanço". Um manual ilustrado sobre a roubalheira como modo de viver. Começo deste modo, fazendo paródia junto à fronteira do solene e do sagrado. Não o faço gratuitamente. Tenho uma intenção.

Entenderão ao lerem, se assim tiverem paciência. O melhor do Natal é a festa, a família, a sugestão de um mundo solidário. O tempo do verbo terá que ser, no entanto, alterado: o melhor do Natal já foi o Natal. Porque uma descarada subversão do espírito natalício foi convertendo em mercadoria e comércio aquilo que parecia ser generosidade pura e simples: darmo-nos nós, como somos, e tornarmo-nos mais próximos dos outros. Se ressuscitasse hoje, Cristo não teria que abordar apenas os vendilhões de um templo. O mundo inteiro é um bazar onde tudo se compra e se vende. Incluindo o chamado espírito natalício.

Rectifico o início desta crónica: o melhor do Natal é o espírito do Natal. Esse espírito não resiste à manipulação oportunista que a imagem de um simpático mas estafado Pai Natal, vestido com as cores da Coca Cola, apenas confirma a lógica de lucro a que nem os mitos escaparam. Um dos piores tormentos dos novos tempos de Natal são as mensagens feitas a metro. Por via de email, de telefone celular, as mensagenzinhas entopem as caixas de correio e obrigam-nos a um exercício penoso de as apagar às dúzias. Corro o risco de ser ingrato.

Mas eu peço aos meus amigos: não me enviem mensagens natalícias. Mandem-mas ao longo do ano, sobretudo, mandem-nas sem necessidade de data especial, com a originalidade e a graça que a verdadeira amizade requerem. A obrigação de trocar mensagens com amigos é algo de nobre. Mas também aqui aconteceu a banalização. Fórmulas repetidas, clichés sem gosto, fizeram da humana troca de emoções aquilo que os maus políticos fizeram ao discurso oficial: um desfile de frases feitas, em construção previsível, vazio de ideias, incapaz de comunicar ou de comover o mais ingénuo dos cidadãos. Pediram-me há dias, num programa de televisão, que formulasse um desejo para o nosso país.

A dificuldade primeira é escolher um único desejo quando os votos que trazemos são sempre múltiplos. Sentado ante a câmara de filmar demorei um tempo, navegando entre brumas e luzes. Acabei escolhendo uma meia fórmula, optei pelo seguro. Fiz mal. Porque o que mais queria ter formulado era uma espécie de anti-voto. Ou seja, eu devia ter falado daquilo que eu não queria que acontecesse. Seria o meu voto pela negativa. Disse o que todos dizemos: que o ano próximo seja um momento de construção de riqueza. Mas de riqueza nacional. E não de uns poucos. A miséria é, infelizmente, fértil nesse paradoxo: em vez de produzirmos riqueza, produzimos ricos. Antes fossem ricos.

Porque são apenas endinheirados. E endinheirados que não produzem. Faço aqui, pois, o voto pela via da negação: o que eu mais queria que deixássemos de ser. E escolho: que virássemos costas ao roubo. Já não falo da prática generalizada que tomou conta das colunas dos jornais. Não falo apenas desse roubo que se estende dos medicamentos, aos cabos de fibra óptica, dos passaportes ao carris de comboio, das condutas de combustível a painéis solares para fontes de água. Não falo só do furto que causa milhões de dólares de prejuízo a companhias de electricidade, telefone e águas. E que nos torna mais pobres a todos nós. Não falo sequer desse outro espantoso roubo que faz com que, na berma das estradas, se comece por roubar os pertences dos sinistrados em lugar de lhes prestar socorro. Falo de outra roubalheira que se infiltrou no tutano do nosso corpo enquanto nação: a ideia que roubar é legítimo por causa da pobreza. Ou por causa da escassez de tempo que o político tem por mandato. Ou por causa de qualquer outra razão.

Falo de outros níveis de roubo: o roubo da esperança pelos políticos, o roubo da propriedade pública pelo gestor, o roubo da História e da memória por aqueles que se acham a geração de estreia nacional. Falo dessa roubalheira que é a corrupção, lenta hemorragia que nos pede insidiosa habituação. Falo do roubo do pensamento crítico por aqueles que fazem uso da ameaça velada, da censura subtil ou da arrogância e desprezo pelo debate aberto.

Numa palavra, o roubo no nosso país já não é um simples somatório de casos policiais, uma onda crescente que se destaca de um mar são. O furto tornou-se numa cultura, num sistema. Tornou-se regra. Somos hoje um país em permanente assalto a si mesmo. E nenhuma nação, por mais bem que esteja no caminho do progresso, pode conviver com uma doença assim.



Mia Couto

Inimaginável: uma fraude miserável.

Esta história ultrapassa tudo o que me pudesse passar pela cabeça. sinceramente, não tenho nem palavras...

A história que vos vou contar não é bonita. É mesmo bastante feia. E no entanto, começa da forma mais normal e corriqueira possível. Esta noite, preparava-me eu para partilhar convosco os meus pensamentos sobre o próximo Conselho Europeu, vejo uma janelinha sinalizar a entrada online de um amigo - chamemos-lhe Ricardo. Procrastinador incorrigível, decidi saudá-lo. Olá Ricardo, essas forças, e tal? Como vai o curso? Ah e tal, vai bem, diz-me ele. Estou aqui às voltas com um teste de macroeconomia para fazer em casa. [Aqui, impõe-se um parêntesis: eu também nunca tinha ouvido falar de testes para fazer em casa. Mas tudo bem.] Olha, tu é que me podias ajudar, disse-me ele. O que é a "armadilha portuguesa"?
Tenho uma confissão a fazer: embora num contexto macroeconómico Portugal me pareça bastante armadilhado, eu nunca tinha ouvido falar da "armadilha portuguesa" . Fiz então o que qualquer estudante do ensino superior faria na minha situação: recorri ao google . E o que encontrei, para além deste texto do Vítor Bento referenciado aqui? Pois encontrei um curioso anúncio de emprego .
Este anúncio diz procurar um licenciado em economia, gestão ou contabilidade para empresa na zona de Lisboa, dando preferência a quem procura primeiro emprego. Indica igualmente o horário de trabalho (das 9h às 17h) e as qualidades pretendidas: responsabilidade, organização e dinamismo. Finalmente (e aqui vem a parte curiosa), o anúncio pede aos candidatos que enviem juntamente com os seus currículos a resposta a um questionário que pretende aferir da sua adequação ao perfil funcional pretendido. E as questões eram as seguintes:
I-Distinga os conceitos de crescimento e de desenvolvimento económico e indique as formas de os avaliar, dando exemplos e salientando a forma como se relacionam.
II-Indique quais são os diferentes modelos de integração económica e explique como estes se relacionam com a importância do comércio internacional para o desenvolvimento económico e com o fenómeno da globalização.
III-Explique as alterações sofridas pelas quatro principais políticas económicas quando um país passa a fazer parte duma zona de integração económica e monetária.
IV-Utilizando os conceitos de competividade, inovação e desvalorização competitiva, desenvolva um texto em que explique os desafios que se colocam a Portugal na actualidade, num contexto a que alguns economistas se referem como armadilha portuguesa.
Achei peculiar que este anúncio, colocado na noite de 13 de Dezembro e com data limite para resposta a 15 de Dezembro, fizesse justamente menção à noção que vem no teste que o meu amigo Ricardo tem que entregar até dia 17. Mostrei-lhe o anúncio e ele confirmou: estas são precisamente as perguntas do teste da cadeira de Macroeconomia no curso de Gestão de Recursos Humanos da Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal. Sem tirar nem pôr.
Não culpo a professora, a Escola ou o Instituto: a fraude à avaliação no ensino é um problema grave que não tem solução fácil e com a qual todos os professores e escolas se confrontam. Não culpo sequer a cultura do copianço, que abomino e cujo enraizamento nas nossas Universidades me desgosta. Culpo a miséria humana. Porque só pode ser apelidado de miserável o estupor que decidiu explorar a boa vontade de quem procura emprego para conseguir uma nota para passar. Espero que o sacaninha do "Tiago" seja apanhado, e que seja exemplarmente punido. Gente capaz disto, se não for travada a tempo e horas, é capaz de tudo.

Assembleia da República

Diário da República nº 28 – I série- datado de 10 de Fevereiro de 2010 – RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 11/2010.

Poderão aceder através do site http://www.dre.pt  http://www.dre.pt/  

Vamos ler;
Algumas rubricas do orçamento da Assembleia da Republica

1 – Vencimento de Deputados ………………………12 milhões 349 mil Euros
2 – Ajudas de Custo de Deputados……………………2 milhões 724 mil Euros
3 – Transportes de Deputados ………………………3 milhões 869 mil Euros
4 – Deslocações e Estadas …………………………2 milhões 363 mil Euros
5 – Assistência Técnica (??) ………………………2 milhões 948 mil Euros
6 – Outros Trabalhos Especializados (??) ……………3 milhões 593 mil Euros
7 – RESTAURANTE,REFEITÓRIO,CAFETARIA…………..961 mil Euros
8 – Subvenções aos Grupos Parlamentares……………..970 mil Euros
9 – Equipamento de Informática …………………….2 milhões 110 mil Euros
10- Outros Investimentos (??) ……………………..2 milhões 420 mil Euros
11- Edificios ……………………………………2 milhões 686 mil Euros
12- Transfer's (??) Diversos (??)………………….13 milhões 506 mil Euros
13- SUBVENÇÃO aos PARTIDOS na A. R. ………………16 milhões 977 mil Euros
14- SUBVENÇÕES CAMPANHAS ELEITORAIS ….73 milhões 798 mil Euros

Em resumo e NO TOTAL a DESPESA ORÇAMENTADA para o ANO de 2010, é :€ 191 405 356,61 (191 Milhões 405 mil 356 Euros e 61 cêntimos) – Ver Folha 372 do acima identificado Diário da República nº 28 – 1ª Série -, de 10 de Fevereiro de 2010.

Vamos lá então ver se isto agora já o começa a incomodar um "bocadinho". Repare:

Cada deputado, em vencimentos e encargos directos e indirectos custa ao País, cerca de 700.000 Euros por ano. Ou seja cerca de 60.000 Euros mês!


"Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar"
Sophia de Mello Breyner

Ao ponto a que se chegou!...

Será assim tão difícil entender por que é que este País está na bancarrota? Com comilões assim!....Razão tinha e continua a ter Zeca Afonso: "Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada"!


Até custa a crer que possa ter credibilidade. Reflecte falta de pudor e uma imoralidade assustadora, com ou sem crise doméstica ou Global.


E não estão incluídos os "boys" da florinha, que nunca falham nas listas da "outra malandragem". Estes "seleccionados" aparecem-nos na TV a mandar bocas piedosas que fariam inveja à Sta. Teresa de Calcultá, num despudor incrível !!!


Ao menos que estejam calados, entretidos a contar as notitas.


Ao ponto a que se chegou!...


Por cada reunião do conselho de administração das cotadas do PSI-20, os administradores não executivos - ou seja, sem funções de gestão - receberam 7427 euros. Segundo contas feitas pelo DN, tendo em conta os responsáveis que ocupam mais cargos deste tipo, esta foi a média de salário obtido em 2009.


Daniel Proença de Carvalho, António Nogueira Leite, José Pedro Aguiar-Branco, António Lobo Xavier e João Vieira Castro são os "campeões" deste tipo de funções nas cotadas, sendo que o salário varia conforme as empresas em que "trabalham".


Proença de Carvalho é o responsável com mais cargos entre os administradores não executivos das companhias do PSI-20, e também o mais bem pago.


O advogado é presidente do conselho de administração da Zon, é membro da comissão de remunerações do BES, vice-presidente da mesa da assembleia geral da CGD e presidente da mesa na Galp Energia.
E estes são apenas os cargos em empresas cotadas, já que Proença deCarvalho desempenha funções semelhantes em mais de 30 empresas.
Considerando apenas estas quatro empresas (já que só é possível saber a remuneração em empresas cotadas em bolsa), o advogado recebeu 252 mil euros. Tendo em conta que esteve presente em 16 reuniões, Proença de Carvalho recebeu, em média e em 2009, 15,8 mil euros por reunião.


O segundo mais bem pago por reunião é João Vieira Castro (na infografia, a ordem é pelo total de salário). O advogado recebeu, em 2009, 45 mil euros por apenas quatro reuniões, já que é presidente da mesa da assembleia geral do BPI, da Jerónimo Martins, da Sonaecom e da Sonae Indústria.






Segue-se António Nogueira Leite, que é administrador não executivo na Brisa, EDP Renováveis e Reditus, entre outros cargos.
O economista recebeu 193 mil euros, estando presente em 36 encontros destas companhias. O que corresponde a mais de 5300 euros por reunião.


José Pedro Aguiar-Branco é outro dos "campeões" dos cargos nas cotadas nacionais.


O advogado é presidente da mesa da Semapa (que não divulga o salário do advogado), da Portucel e da Impresa, entre vários outros cargos. Por duas AG em 2009, Aguiar-Branco recebeu 8080 euros, ou seja, 4040 por reunião.


Administrador não executivo da Sonaecom, da Mota-Engil e do BPI, António Lobo Xavier auferiu 83 mil euros no ano passado (não está contemplado o salário na operadora de telecomunicações, já que não consta do relatório da empresa). Tendo estado presente em 22 encontros dos conselhos de administração destas empresas, o advogado ganhou, por reunião, mais de 3700 euros.


Apesar de desempenhar apenas dois cargos como administrador não executivo, o vice-reitor da Universidade Técnica de Lisboa, Vítor Gonçalves, recebeu mais de 200 mil euros no ano passado. Membro do conselho geral de supervisão da EDP e presidente da comissão para as matérias financeiras da mesma empresa, o responsável é ainda administrador não executivo da Zon, tendo um rácio de quase 5700 euros por reunião.


Nota: não haverá por acaso qualquer ligação entre isto, o "déficit", e a situação de total descalabro do país? Se estes senhores são tão bons para ganharem tanto dinheiro só para assistirem a reuniões e manifestarem as suas opiniões, como pode o país destes senhores encontrar-se no estado em que se encontra? Qual é o real valor, a credibilidade e o reconhecimento internacional destes senhores tão bem pagos e que andam há tantos anos "por aí" na vida política e empresarial portuguesa? (estas "dúvidas" estendem-se aos administradores executivos que sempre farão um pouco mais que assistir a reuniões e mandar "palpites"... e por isso sempre ganharão um pouco mais).


É (deveria ser!) urgente varrer este País!!!...

Frase da nossa vida

"A reforma é como o horizonte: uma linha imaginária que recua à medida que tu avanças."

Aluno tira 10 em Química.

Prova do Curso de Química, foi perguntado:
- Qual a diferença entre SOLUÇÃO e DISSOLUÇÃO?
Resposta de um aluno:
- Colocar UM dos POLÍTICOS PORTUGUESES num TANQUE DE ÁCIDO para que DISSOLVA é uma DISSOLUÇÃO. Colocar TODOS é uma SOLUÇÃO!
E completou:
- ... se se Liofilizar, teremos o mais puro Extracto de Pó de Merda do mundo!

Investigação sobre a empresa Parque Escolar

Os media, o poder e a importância dos blogues

2 de Abril de 2010 por Tiago Mota Saraiva
Há alguns meses, a propósito de um post laudatório da Parque Escolar no blogue Câmara Corporativa, lancei-me num conjunto de textos em que procurava fazer uma avaliação do trabalho daquela empresa pública. Entretanto muita água passou por baixo da ponte, e hoje (estando na posse de muito mais informações do que então e do que até agora veio a público) estou mais certo da gravidade do que se passa e da urgência em travar o actual Conselho de Administração.
Contudo, apesar de já existirem alguns jornalistas a investigar o tema, é absolutamente confrangedor ver como a maioria da imprensa se presta a veicular e reproduzir toda a informação que lhe chega da assessoria de imprensa da Parque Escolar, sem qualquer verificação. Destaco neste particular a agência
Lusa que, apesar de ter o contacto dos cidadãos que se mobilizaram para denunciar os procedimentos da Parque Escolar e de já os ter ouvido, apenas tem feito notícias plasmadas dos comunicados da Parque Escolar E.P.E.
Se foi nos blogues que a denúncia dos procedimentos do Conselho de Administração da Parque Escolar se iniciou, é também nos blogues que deverá continuar.
Assim sendo, apelo a todos os blogues, de esquerda, de direita, de política, de professores, de arte, de cidadania, que ajudem na divulgação e subscrição desta petição, combatendo a tentativa de silenciamento e ocultação de mais este escândalo político.
Assinar aqui:

"Eu era um mísero professor, minha senhora!"



Quem dá para este peditório?

"EU ERA UM MÍSERO PROFESSOR, MINHA SENHORA" !?
Esta frase que escapa da boca de Cavaco Silva numa entrevista a uma jornalista amiga diz tudo sobre o pensamento político de Cavaco Silva, o seu carácter e o desprezo que nutre por uma importante classe profissional.
http://www.youtube.com/watch?v=9bcaNXB5JmQ&feature=player_embedded
Era um mísero professor catedrático que se baldava às aulas na Universidade Nova enquanto as dava na Católica, beneficiando assim de dois ordenados enquanto alguns alunos ficavam sem aulas e prejudicavam a sua licenciatura.
Era um mísero professor catedrático de economia que nada sabia de aplicações de poupanças e desse negócio sabia tanto como um qualquer trolha.
Era um mísero professor que além de vencimento de topo na carreira dos professores ainda acumulava com pensões do governo e do Banco de Portugal.
É um mísero político que tem dos professores uma visão ofensiva para toda a classe e que não hesita em ofender milhares de portugueses só para se armar em ignorante num domínio em que não pode invocar ignorância.
É um mísero político que depois de exercer os mais altos cargos durante mais de quinze anos diz que não é político para não carregar com o estigma de uma classe de políticos corruptos, muitos dos quais foram invenção dele.
É um mísero professor que tem uma luxuosa casa de férias no Algarve.
É um mísero professor que não tem a mais pequena consideração pelos professores deste país, não hesitando em promovê-los a ignorantes para invocar ignorância economia, ele que foi doutorado em York, professor universitário, técnico do Banco de Portugal, primeiro-ministro e Presidente da República.
É um mísero professor que nem tem consideração pela sua profissão e condição de professor doutorado, imagine-se em que conta deverá ter todos os outros portugueses.
É um mísero político que para conquistar a Presidência da República exibe os seus conhecimentos de economia e na hora de esconder a forma como obteve dinheiro fácil disfarça-se de mísero professor que nada sabe de acções.
Resta-nos esperar que os portugueses não escolham um mísero Presidente da República.

Um vídeo que contextualiza o que se passa no ME e muito mais...

A caixa que adormeceu o Mundo - por Daniel Oliveira

A caixa que adormeceu o Mundo

Num programa da TVI, os concorrentes agitam contas por pagar. Em troca de umas figuras tristes, pagam-lhes as dívidas. A televisão consegue entreter os desgraçados com as suas próprias desgraças.


Daniel Oliveira

Chama-se "Agora é que conta", passa na TVI" e é apresentado por Fátima Lopes. O programa começa com dezenas de pessoas a agitar uns papéis. Os papéis são contas por pagar. Reparações em casa, prestações do carro, contas da electricidade ou de telefone. A maioria dos concorrentes parece ter, por o que diz, muito pouca folga financeira. E a simpática Fátima, sempre pronta a ajudar em troca de umas figuras mais ou menos patéticas para o País poder acompanhar, presta-se a pagar duzentos ou trezentos euros de dívida. "Nos tempos que correm", como diz a apresentadora - e "os tempos que correm" quer sempre dizer crise - , a coisa sabe bem. No entretenimento televisivo, o grotesco é quase sempre transvestido de boas intenções.

Os concorrentes prestam-se a dar comida à boca a familiares enquanto a cadeira onde estão sentados agita, rebolam no chão dentro de espumas enormes ou tentam apanhar bolas de ping-pong no ar. Apesar da indigência absoluta do programa, nada disto é novo. O que é realmente novo são as contas por pagar transformadas num concurso "divertido".

Ao ver aquela triste imagem e a forma como as televisões conseguem transformar a tristeza em entretenimento, não consigo deixar de sentir que esta é a "beleza" do Capitalismo: tudo se vende, até as pequenas desgraças quotidianas de quem não consegue comprar o que se vende.

Houve um tempo em que gente corajosa se juntava para lutar por uma vida melhor e combater quem os queria na miséria. E ainda há muitos que não desistiram. Mas a televisão conseguiu de uma forma extraordinariamente eficaz o que o séculos de repressão nem sonharam: pôr a maioria a entreter-se com a sua própria desgraça. E o canal ainda ganha uns cobres com isso. Diz-se que esta caixa mudou o Mundo. Sim: consegue pôr tudo a render. Até as consequências da maior crise em muitas décadas.

Entretanto a apresentadora recebe 40.000€ por mês. Foi este o valor da transferência da SIC para a TVI. Uma proposta irrecusável segundo palavras da própria.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

DNA

O INGLÊS, O AMERICANO E O PORTUGUÊS...

 
- Diz o inglês:

Tivemos um fulano que foi atropelado e a única coisa intacta que tínhamos era o seu dedo mindinho. Pois, a nossa equipa conseguiu, pelo DNA refazer a mão, um novo braço, um novo corpo!
O paciente ficou tão capacitado que ao ter alta, tirou o emprego de cinco pessoas!

- Isso não é nada! - Diz o americano:
Nós tivemos o caso de um operário que caiu no reactor atómico de uma central nuclear!
A única coisa que sobrou dele foi um cabelo. Pois pelo DNA dele conseguimos reconstituir completamente todo o seu corpo. Depois de ter alta, esse paciente mostrou-se tão eficiente que cinquenta pessoas perderam o emprego!

O português pede a palavra:
O caso que vou contar é muito mais interessante:
Um dia em que eu estava a andar pelo hospital senti o cheiro dum peido.
Imediatamente, capturei-o num saco que levei até ao laboratório.
Chamei a minha equipe e começamos a trabalhar.
Primeiro, a partir do peido, fizemos um ânus, em seguida reconstituímos o intestino, e depois, pouco a pouco, todo o corpo e por fim o cérebro.
O projecto desta criatura foi chamado José Sócrates e está a ter um desempenho tão fantástico que milhares e milhares de pessoas já perderam o emprego!!!

[ PORTUGAL - PRESIDENCIAIS ] indicação de (não) voto


Como candidato proposto e apoiado por milhares de cidadãos, têm-me alguns pedido uma indicação de voto/não voto nas presidenciais do próximo dia 23.
No plano legal, vale a pena atender à síntese de JJ do clube dos pensadores:
No plano político, há cidadãos que reconhecem um mínimo de virtude democrática no actual regime e se revêm, em consciência, no perfil político de algum ou vários dos actuais candidatos presidenciais. Para esses, o problema de domingo resume-se a ponderar o candidato com que se identificam e que melhores garantias dá de um exercício do cargo de presidente da república ao serviço do bem comum.
Para os outros que, como eu próprio, já perceberam o carácter mais virtual que virtuoso da actual  "ordem constitucional vigente", da actual "situação política", o problema resume-se a decidir entre a abstenção, o voto branco ou o voto nulo. Bem sabemos como, nas noites eleitorais, alguns comentadores costumam interpretar cada uma destas opções ao sabor das suas conveniências políticas e paixões pessoais. Daí que, se se enquadra neste grande grupo de «indecisos decididos a mudar o estado a que isto chegou», escute a voz da sua consciência e siga o caminho que a experiência e sensibilidade pessoais lhe indicam como o mais directo para uma verdadeira reforma do regime político em Portugal.
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Dito isto, partilharei convosco as minhas disposições pessoais neste momento, não tendo ainda tomado uma decisão final. Pela minha parte, considero as seguintes permissas:
i) o forte investimento que o regime vem fazendo no apelo à participação nas urnas (anúncios nos autocarros, metro, no multibanco, em spots TV e rádio) - apelo esse de que o próprio vencedor anunciado se fez eco, dirigindo-o personalizadamente à Igreja Católica - é sinal de que os preocupa deveras a possibilidade de um "cartão amarelo" (ou vermelho) dos portugueses, manifestado precisamente por um significativo aumento da abstenção;
ii) que uma eleição pouco participada sempre fere a legitimidade democrática de quem é eleito (e basta pensar que até um referendo nacional deixa de ser válido se contar com menos de 50% de participação);
iii) que para muitas pessoas comungando dos nossos valores não existe qualquer razão para reforçar a legitimidade democrática de Cavaco Silva, depois do que fez no 1º mandato e da falta de consideração para com a nossa candidatura, (i) não se dignando receber-nos quando solicitado e (ii) não se pronunciando a favor da admissão desta candidatura quando o Tribunal Constitucional por escrito lho pediu nos finais de Dezembro;
iv) que a abstenção anunciada pelas sondagens deverá rondar os 35% e que a abstenção nas presidenciais de 2006 se cifrou nos 38,5%, então é natural que venhamos a interpretar qualquer valor da abstenção acima dos 35% - e especialmente acima dos 38,5% - como uma manifestação de descontentamento dos portugueses para com a sua actual classe política - Cavaco Silva incluído - que diz querer chamar os cidadãos à política, mas tudo faz para lhes manipular a opinião e mantê-los à distância dos processos de decisão (vd. aeroporto de Lisboa, TGV, art.º 24 da Constituição, não-referendo ao tratado de Lisboa,tratado de Nice, tratado de Maastricht, etc).
v) que essa manifestação de desaprovação será tanto mais clara e enfática quanto a abstenção se aproximar dos 40% e até dos 50% - essa barreira "psicológica" da legitimidade democrática, acima da qual até um referendo perde a sua validade.
vi) que em Portugal não existe uma tradição de acolhimento consequente do voto em branco, repercutindo-o, por exemplo, em lugares vazios no parlamento como eu e muitos defendemos;
vii) que também o voto nulo não produzirá qualquer efeito  ainda que 95% dos eleitores fizessem o que algumas pessoas me anunciaram pretender fazer no boletim de voto: acrescentar o meu nome, um novo quadrado... e "votar nele"
Considerando todos estes dados, inclino-me neste momento para manifestar ao sistema o meu desagrado pela forma exacta que este mais demonstra recear - chamemos-lhe "abstenção activa", "abstenção estratégica", "abstenção consciente", o que se quiser. Será isto também uma forma de reprovação da Comissão Nacional (Partidocrática) de Eleições e do serviço público de televisão que nos barrou o acesso aos debates a 2; de reprovação da negligência de centenas de Juntas de Freguesia que não nos enviaram as certidões de eleitor a tempo e de repúdio pelo rigorismo formalista do Tribunal Constitucional que, finalmente, nos chumbou uma candidatura que provou ter o apoio de 7907 portugueses.
Uma vez que a praia ainda "não puxa" e as previsões meteorológicas apontam para bom tempo no domingo, nenhum comentador sério poderá agarrar-se àquela já gasta explicação balnear para esta nossa "greve às urnas". Assim estaremos a exigir, também, uma renovação dos actores e programas políticos, o corte das conexões perigosas e tóxicas entre os grandes partidos e os grupos de interesses, a devolução da política aos cidadãos, a sujeição das narrativas políticas a critérios de verdade e rigor, a contenção do alastramento de fenómenos subterrâneos como a maçonaria e afins, o regresso da "separação dos poderes", a submissão da "ética legalista amoral/imoral" aos critérios naturais e verdadeiramente democráticos do bem comum, das famílias portuguesas, das pessoas concretas.
pro aris et focis
Voltarei!
Guimarães, 20 de Janeiro de 2011
Luís Botelho Ribeiro
--  -------------------------------------------------------------------  Luís Botelho - presidenciais 2011 Imprensa: Carlos Sousa 935.733.038 Assinaturas: Luís Paiva 967.014.648 Email: luisbotelho2011@clix.pt http://luisbotelho2011.blogspot.com  gabinete de candidatura LB2011 R. 24 de Junho, nº 1497, Azurém 4800-076 Guimarães