quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Os Lusíadas - Extracto de Versão actualizada

  I

    As sarnas de barões todos inchados
    Eleitos pela plebe lusitana
    Que agora se encontram instalados
    Fazendo aquilo que lhes dá na gana
    Nos seus poleiros bem engalanados,
    Mais do que permite a decência humana,
    Olvidam-se de quanto proclamaram
    Em campanhas com que nos enganaram!

II
    E também as jogadas habilidosas
    Daqueles tais que foram dilatando
    Contas bancárias ignominiosas,
    Do Minho ao Algarve tudo devastando,
    Guardam para si as coisas valiosas…
    Desprezam quem de fome vai chorando!
    Gritando levarei, se tiver arte,
    Esta falta de vergonha a toda a parte!

III
    Falem da crise grega todo o ano!
    E das aflições que à Europa deram;
    Calem-se aqueles que por engano…
    Votaram no refugo que elegeram!
    Que a mim mete-me nojo o peito ufano
    De crápulas que só enriqueceram
    Com a prática de trafulhice tanta
    Que andarem à solta só me espanta.

IV
    E vós, ninfas do Coura onde eu nado
    Por quem sempre senti carinho ardente
    Não me deixeis agora abandonado
    E concedei engenho à minha mente,
    De modo a que possa, convosco ao lado,
    Desmascarar de forma eloquente
    Aqueles que já têm no seu gene
    A besta horrível do poder perene!

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