terça-feira, 17 de maio de 2011

Se é Sacrifícios...sacrifícios...

A moralidade de pedir sacrificios, que acatamos porque o momento é critico tem, também, de ser para todos ...por issso aconteceu Abril......

Inês Pedrosa (socialista), disse: Sacrifícios...sacrifícios...sacrifícios, numa governação miserável . Algo tem que mudar, e depressa. Sacrícios...sacrifícios...sacrifícios ! Sacrificarmo-nos é prescindirmos de um bem imediato a favor de um bem futuro - e, supostamente, maior. Os pais sacrificam-se pelo futuro dos filhos - mas de que lhes vale o sacrifício, quando, por mais renúncias, privações e sacrifício que se façam, o horizonte desse futuro é cada vez mais nebuloso? Não vivi época alguma em que não se exigissem sacrifícios aos portugueses. Antes da democracia, nem se lhes exigiam, impunham-se mas fizemos um 25 de Abril para construir uma democracia; voltamos à ditadura? Para quando o fascismo declarado? Mas há limites para os sacrifícios que se podem pedir à população. Sobretudo, não pode pedir-se ao povo que aperte os furos do cinto que já não tem, enquanto as elites nadam num mar de ostentação que é já mais do que acintoso - é uma provocação. Entre 1983 e 85, o governo de Mário Soares chegou a cortar o 13º mês - e os portugueses acataram o sacrifício, entendendo que seria para o bem comum. Mas agora essa ilusão está perdida: o PEC - que o Expresso rebaptizou com exactidão como 'Plano de Emagrecimento do Contribuinte', e que também pode significar 'Plano de Empobrecimento da Canalha' - é um atentado aos direitos dos cidadãos. Porquê? Porque esfola os já esfolados - a classe média, que nos últimos anos tem decaído perigosamente para as franjas da pobreza. As grandes fortunas continuarão imunes e impantes: nunca estão em nome dos seus donos, vicejam em offshores, não são declaradas. Será difícil apanhá-las? Não me parece: é fazer as contas aos bólides, mansões, jóias, barcos e outras luxarices, e ir atrás das declarações fiscais dos seus usufrutuários. Antes disso, há coisas simples: a primeira e mais importante é dar um sinal de autêntica austeridade a partir de cima. Cortar prémios de gestão (eles já têm os seus chorudos salários). Mas não chega: é preciso reduzir os salários dos gestores públicos. Se a presidente-executiva da EDP Renováveis tem um salário bruto de 348 mil euros ano (praticamente 25 mil euros por mês), como é que querem que o povo aceite de bom grado um aumento na conta da luz ou perder parte do seu pobre salário? Bancos com lucros diários de UM MILHÃO de euros!!! Por outro lado, não são os deputados os representantes dos seus eleitores? Então porque é que os ditos eleitores voam por essa Europa (os que podem, claro), em classe turística, e os bilhetinhos de avião dos nossos representantes, mesmo para viagens de duas ou três horas, têm de ser de executiva? Dizem-me alguns que 'a dignidade do cargo' assim o exige. Confesso que tenho a maior dificuldade em perceber o que seja isso da 'dignidade do cargo'. Dignidade têm, ou devem ter, as pessoas. Todas. Acresce que os representantes do povo devem misturar-se com ele, para poderem representá-lo em consonância. Os poetas e escritores, quando convidados por instituições públicas portuguesas a representar o país em conferências ou festivais internacionais, viajam sempre em turística. Explicar-me-ão que dignidade superior possuem os nossos deputados, em relação aos escritores? Só o exemplo resulta, quando se pretende educar ou moralizar. Isto é válido para as crianças como para as nações. Dois terços dos trabalhadores por conta de outrem recebem menos de 900 euros líquidos por mês. Pergunto: como se pode retirar ainda mais a quem já tão pouco tem? Os dados do Instituto Nacional de Estatística mostram também que há cada vez mais gente a trabalhar mais horas - quase um milhão de pessoas trabalham mais de 41 horas semanais e mais de 330 mil têm dois empregos, para conseguirem sobreviver. É assim que se incentiva o emprego, a esperança, a qualidade de vida - e a sempre tão oficiosamente desejada natalidade? . Arre. Basta. Algo tem que mudar, e depressa.
I. Pedrosa

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