quarta-feira, 4 de março de 2009

A "pen" de reposição ou ...O QUE VAI ACONTECER quand o os meninos tiverem Magalhães...

Colegas devem divulgar aos pais dos vossos alunos porque todos os problemas que aparecerem teremos que os resolver.


A "pen" de reposição
por Alberto Machado


Parece que os "Magalhães" começaram a chegar, finalmente, a algumas escolas e, logo para começar, vi-me confrontado com um problema que, como se verá, era de difícil solução. Direi mesmo, de muito difícil solução. Assim:


Hoje veio ter comigo à escola sede do agrupamento de escolas onde trabalho - Alfragide) - um pai com um computador "Magalhães" na mão. Tratava-se, então, do seguinte:


1º - O pai tinha recebido o "Magalhães" no dia anterior (20/01/2009). Depois de o ter desempacotado, ligou-o, acedeu ao sistema operativo "Windows", viu que estava tudo em ordem, e entregou o computador à filha. Nos ensaios preliminares que efectuou, não chegou a activar a ligação à Internet.

2º - A filha, após experimentar alguns programas, resolveu introduzir a sua "pen" USB no computador. Ao fazê-lo acabou por constatar que a dita "pen" estava infectada com vírus. O anti-vírus AVAST, apesar de desactualizado denunciou a existência de vírus sem no entanto conseguir eliminá-lo, o que pode acontecer, e aconteceu neste caso. A última actualização do anti-vírus AVAST instalado naquele computador datava de Setembro do ano passado. Sem ligação à Internet, o anti-vírus permaneceu desactualizado, tendo a infecção da "pen" passado para o sistema operativo "Windows" do "Magalhães".

3º - Apercebendo-se da situação, o pai resolveu efectuar uma reposição do sistema. Pensou, e bem, que, não havendo ainda ficheiros de trabalho no computador, nada mais rápido e limpo do que fazer imediatamente uma reposição do sistema. Se bem pensou, melhor o fez.

4º - Após a reposição, verificou que lhe tinham desaparecido vários programas, entre os quais, a aplicação de "controlo parental". Isto significa que a "imagem" de reposição existente no "Magalhães", não corresponde à totalidade dos programas que, de fábrica, equipam o computador.

5º - Constatando isto, o pai ligou, uma primeira vez, para o telefone de assistência indicado nas "costas" dos "Magalhães". De lá ter-lhe-ão dito mais ou menos o seguinte: "Isso não constitui problema algum. O senhor vai à escola sede do agrupamento onde a sua filha estuda e contacta com o professor coordenador TIC, que tem uma "pen" capaz de lhe repor todo o "software" de forma a que o seu computador fique novamente como saiu de fábrica".

6º - O senhor dirigiu-se então à minha escola e pediu-me que lhe fizesse a reposição com a "pen" supostamente existente em meu poder.

7º - Ora acontece que o meu agrupamento nunca recebeu a mencionada "pen", nem eu alguma vez fui informado de que isso iria acontecer.

8º - Disse então ao pai da aluna que não tinha a tal "pen", mas prontifiquei-me a telefonar, na sua presença, para a linha de assistência que ele já havia utilizado. Ambos presumimos que estaríamos a falar para a JP Sá Couto, uma vez que foi a empresa a quem foi adjudicada a empreitada dos "Magalhães".

9º - Atenderam-nos em cerca de 3 minutos.

10º - Colocámos o telefone em "alta-voz", explicámos o problema e ouvimos as explicações com toda a atenção.

11º - Disseram-nos que, do Ministério, os tinham informado que os agrupamentos já teriam essas "pens" de reposição em seu poder. Disseram-nos também que não nos sabiam dizer nada sobre quando chegaria essa tal "pen" à minha escola, e "que isso já não era com eles". Ainda sugeri à senhora que nos atendeu que não voltasse a dizer aos pais que as ditas "pens" já se encontravam nos agrupamentos, e até que telefonasse para o Ministério. Mas, "isso já não é connosco" foi a resposta pronta.

12º - Passei então o telefone ao pai.

13º - O pai perguntou: "então, uma vez que a escola não recebeu a "pen", onde é que eu me posso dirigir para que me resolvam o problema?". Resposta da senhora: " O Sr vem cá à nossa empresa, nós repomos a imagem, e o senhor paga 15€". Nem o pai nem eu queríamos acreditar no que estávamos a ouvir. "Então", continuou o pai, "mas se o computador está na garantia, e se eu não tive culpa que a imagem de reposição que vem dentro do "Magalhães" não corresponda à sua configuração original, por que é que eu hei-de que pagar 15€?" Resposta: "A garantia só cobre "hardware" e não "software". Perguntou, então, o pai: " Ora, admitindo que eu aceito pagar os 15€, onde é que são as vossas instalações para que eu me possa lá dirigir?". Resposta da senhora: "no Porto". O pai, ainda: "mas não existem umas instalações da JP Sá Couto em Tires? Seria mais perto, facilitava-me". A isto, a senhora respondeu que "sim", que existiam umas instalações da JP Sá Couto em Lisboa, mas que, a assistência não era com a JP Sá Couto, mas sim com a "ATInformática", (que era afinal com quem, sem o supormos, tínhamos estado a falar desde o início). Explicou-nos então que a "empreitada" da assistência técnica ficou a cargo da ATInformática, que, embora ligada à JP Sá Couto, era uma outra empresa independente. O pai: "então e não há nenhum site de onde eu possa descarregar a imagem de reposição do Magalhães?". A ATInformática: "Não, porque a imagem tem 8Gb... etc. etc.".

14º - O pai, já desesperado, pediu à senhora que passasse a chamada a um seu supervisor. A conversa, basicamente, foi idêntica à que decorreu com a senhora, com a agravante de o senhor supervisor falar com maior arrogância, numa atitude que parecia querer colocar o pai sempre como o responsável pela situação, em oposição à sua empresa de assistência que, embora não conseguindo resolver nada, "pouca culpa teria" nesta matéria.

15º - Por fim o pai perguntou: "então se eu quiser devolver o "Magalhães", por estar insatisfeito com o produto e com a assistência, como e onde o poderei fazer? Afinal de contas, embora o pedido date de Setembro, só ontem é que o recebi. Estou, portanto, ainda dentro do prazo legal para, se me aprouver, devolver o produto por insatisfação, contra devolução do dinheiro". O senhor supervisor: "Não, não o poderá devolver. O "Magalhães" não pode ser devolvido".

16º - Resumindo, com este episódio fiquei a saber o seguinte:

a) O Ministério da Educação devia, a esta altura, ter feito chegar às escolas sede dos agrupamentos uma "pen" com a imagem (completa) do software do Magalhães, coisa que ainda não aconteceu, pelo menos na minha escola.

b) Que, quando a dita "pen" chegar, caberá aos Coordenadores TIC fazerem a devida assistência aos "Magalhães", repondo as imagens, sempre que lhe aparecerem "clientes" encaminhados pela empresa ATInformática.

c) Que a imagem de reposição que vem residente no "Magalhães" não corresponde, à sua configuração de fábrica.

d) Que o aviso de alerta que precede a reposição do sistema não refere que essa mesma reposição provocará a perda de alguns programas.

e) Que a factura que os pais recebem quando lhes é entregue o "Magalhães" tem no cabeçalho o nome de uma outra empresa ou entidade que não é, nem a JP Sá Couto, nem a ATInformática, nem o Ministério da Educação, mas si a "Youtsu, ACE".

f) Que, na factura de compra que os pais recebem, a descrição referente ao artigo adquirido, tem apenas o seguinte texto: "MagalhÃes" (sic, com o último "A" maiúsculo) e nada mais. Em parte alguma é referido de que artigo se trata (se de um livro, de uma "pen" de um jogo etc), e muito menos são referidas quaisquer características técnicas do material, como por exemplo a capacidade do disco rígido ou a capacidade da memória RAM.

g) Que os clientes insatisfeitos não poderão devolver os artigos adquiridos, mesmo que o façam dentro do prazo legal.

h) Que a garantia do "Magalhães" apenas cobre o "hardware" e não o "software", mesmo que a "culpa" não seja do cliente, como é o caso do que acontece após a reposição da imagem que vem no próprio "Magalhães".

i) Que existe uma razão para o facto de esta imagem de reposição não corresponder à configuração de fábrica do "Magalhães". Segundo nos explicou o supervisor da ATInformática, a curta capacidade do disco rígido do computador "Magalhães" torna impossível lá alojar uma imagem completa que reponha todo o sistema tal como o computador vem equipado de origem.

Acho que já chega... por ora. Mas vamos só no princípio.




Comentário

Outra negociata à maneira.

Outro belíssimo exemplo (dos já demasiados) de como não se devem fazer as coisas, de como meter sempre a carroça à frente dos bois.

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