sábado, 28 de junho de 2008

Sou Professor. Não Voto PS.


Os sindicatos negoceiam com a ministra. É cedo para saber se essa estratégia dará resultados. Tenho dúvidas. Veremos...A luta dos professores tem de continuar e deve incluir várias estratégias: resistência passiva nas escolas contra os procedimentos de avaliação de desempenho, concentrações e, sobretudo, luta política contra este PS. Se todos os professores colocarem, nos seus carros, o logotipo (autocolante) "SOU PROFESSOR: NÃO VOTO PS", o impacto mediático da iniciativa será avassalador. E não custa nada. Felizmente, entre os professores, há artistas muito criativos. Desafio os colegas mais criativos a produzirem autocolantes para meter nos carros e nas pastas. Enquanto não aparecem os autocolantes, desafio os colegas a divulgarem estes logotipos. São estas iniciativas que metem medo ao Governo de Sócrates. Publicada por Ramiro Marques



via email

Estatística de trabalho de um professor num ano lectivo... já foram feitas essas contas?


Só......

CURIOSIDADE

O QUE EM MÉDIA UM PROFESSOR DO 2.º OU 3.º CICLO FAZ DURANTE UM ANO LECTIVO:

Com base no meu "estudo" pessoal_Lurdes Paraíso

Lecciono 6 turmas em Educação Visual, no total de 117 alunos

Lecciono 1 turma em Formação Cívica, de 19 alunos

Lecciono 1 turma em Área Projecto, de 23 alunos

Lecciono Aulas de Complemento Curricular no 1.º ciclo, no Clube de Artes, do 1.º ao 4.º ano, no total de 21 alunos

Lecciono o Clube de Jornalismo, no total de 13 alunos

Logo trabalho em contextos específicos com 193 alunos

A

Documentação/papeis criados, preenchidos e tratados:

1- Início do ano: Planificações (1 pág. por turma/disciplina/área = total de 10 págs.); Critérios de Avaliação/correcção (1 pág. por turma/disciplina/área = total de 10 págs.); Descriminação de competências a atingir (1 pág. por turma/disciplina/área = total de 10 págs.); articulações interdisciplinares (1 pág. por turma = total de 6 págs.); (...)

são fotocopiadas (1 exemplar para o dossier de Directores de Turma, no Plano Curricular de Turma, 1 ex. para o Conselho Executivo, anexo à acta, 1 ex. para os nossos registos pessoais, 1 ex. para o dossier de Departamento ...)

Logo, num total de 36 páginas (120 fotocópias)

Se temos alunos com "NEE", serão mais 4 páginas de documentação, fotocopiadas em triplicado, logo 12 págs.)

Ficam de fora, testes diagnósticos (117 fotocópias e 6 relatórios = 6 págs.)

2- a meio de cada período (Avaliações Intercalares): registo de avaliações intercalares (1 pág. por turma/disciplina = total de 8 págs.) (...)

Logo 3 períodos, num ano lectivo, no total de 24 págs.)


3- Final de período: fichas de avaliação (1 pág. por aluno = total de 193 págs. Fotocopiadas em duplicado); ficha de avaliação de Formação Cívica, Área Projecto, Clube de Jornalismo, Educação para a saúde, Clube de Artes (1.º ciclo) (1 pág. por disciplina/área = total de 5 págs.)
Logo, num total de 198 págs. (394 fotocópias)
Logo, tendo 3 períodos lectivos, dá um total de 594 págs. (1182 fotocópias)

4- Sou Directora de Turma: início do ano: Plano Curricular de Turma (25 págs., fotocopias: 1 ex. para dossier de Direcção de Turma, 1 ex. para o Conselho Executivo); Planos de Recuperação (este ano tive 6 alunos com) (cada plano 4 págs., logo 24 págs., fotocopiadas duplicado); registo de faltas (10 disciplinas, registadas em fichas e depois no sistema informático); preenchimento das fichas de avaliação (total de 19 páginas); (…)
Logo, num total de 78 págs. (98 fotocópias)

5- No último período, ainda relatórios de avaliação: para Formação Cívica (1 pág.); para Área Projecto (1 pág.); para Clube de jornalismo (1 pág.); como Directora de turma: para avaliação da turma (2 págs.); para Planos de Acompanhamento (1 pág.); para Retenção (1 pág. por aluno, depende das retenções); para Retenção Repetida (3 pág. por aluno, depende das retenções repetidas); para Planos de Recuperação (1 pág. por aluno, vou fazer 6, porque tenho 6 alunos em Planos = 6 págs.); para Director de Turma, sobre o meu trabalho desenvolvido (média 3 págs.); para o Clube (1 pág.); para o 1.º Ciclo (1 pág.); (…)
Logo, num total no mínimo de 22 págs. (44 fotocopias)


Como compreenderá, deve estar a escapar-me alguma coisa, ou haver aqui alguma margem de erro,

Em resumo (ao longo dum ano lectivo):

a) Trabalho com…_193 alunos

b) Posso criar, analisar, preencher, ("passam-me pelas mãos") … _758 páginas (papel)

c) Estão envolvidos aproximadamente… _1 456 fotocópias/PB

d) Faço em média… _17 367 registos (mão livre/informatizados) em documentos oficiais
(explico a seguir) Nas fichas de avaliação dos alunos (1 por aluno = 193 alunos) são registados dados (cruzes, abreviaturas de menções qualitativas, etc.):
Educação Visual_7 dados/aluno x 117 alunos x 6 turmas x 3 períodos = 14742 registos;
Formação Cívica_7 dados/aluno x 19 alunos x 3 períodos = 399 registos;
Área Projecto _5 dados/aluno x 23 alunos x 3 períodos = 345 registos;
Como Directora de Turma (preencher dados como: nome, números, faltas, cruzes de avaliação global, cruzes de recomendações ao encarregado de educação) = aproximadamente: 33 dados/aluno x 19 alunos x 3 períodos = 1881 registos

e) Somando os registos oficiais com os pessoais (alínea a + e), dá_30 003 registos totais
(explico a seguir) Se considerar os dados que manipulo antes de os introduzir nos documentos oficiais, então será só na disciplina de Educação Visual, o seguinte:
3 Trabalhos (média) por período x 12 registos (12 critérios de avaliação/correcção em Excel) x 3 períodos x 117 alunos (em Educação Visual) = 12636 registos pessoais

B

Reuniões ao longo do ano lectivo: 91 reuniões

a) Conselhos de Turma:

1 Setembro + 1 início ano lectivo (após as aulas começarem) + 1 fins de Setembro

+ 1 Intercalar do 1.º período + 1 final do 1.º período (avaliação) + 1 intercalar do 2.º período + 1 final do 2.º período (avaliação) + 1 intercalar do 3.º período + 1 final do 3.º período (avaliação) x 6 turmas = total de 54 reuniões

b) Encarregados de Educação, porque sou também Directora de Turma:

1 Início aulas + fim 1.º período + fim 2.º período + fim do 3.º período x 1 turma = total de 4 reuniões

(fora as reuniões que vou tendo com Encarregados de Educação nas horas de atendimento e a título individual)

c) Outras reuniões:

Reunião Geral (2 reuniões/ano) + Conselho de Directores de Turma (10 reuniões/ano) + Áreas Curriculares não Disciplinares (3 reuniões/ano) + Clubes e Projectos (3 reuniões/ano) + Departamento (11 reuniões/ano) + reuniões diversas, tipo preparar actividades extra-curriculares (média 4 reuniões/ano) = total de 33 reuniões



C

Outros indicadores, que "não têm papel", nem convocatórias:

- Ensino Educação Visual, sou "psicóloga", "mãe/pai", procuro resolver problemas de indisciplina, de zangas, de "guerras e guerrinhas", ouço desabafos, confidências, avalio e envio relatórios para Segurança Social, Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, quando é necessário; _nota: trabalho com adolescentes

- Atendo Pais e Encarregados de Educação, articulo com eles, mas não recebo outros Pais ou Encarregados de Educação de que tanto preciso, porque não querem, ou, não podem vir à escola;

- Participo na organização, colaboração de actividades extra-curriculares, tipo: Festa de Natal, Carnaval, Páscoa, "Feira de Maio", Encerramento Ano Lectivo, (…);

- Faço a paginação do jornal da escola (28 págs. /jornal x 3 períodos = 84 págs.)

- (Fazendo uma média de dois trabalhos por período na minha disciplina), observo e acompanho: 117 alunos x 2 trabalhos/média/período x 3 períodos =702 trabalhos práticos.

- (…)

FIM


Mandei estes dados para um deputado da Assembleia da República que nos pedia o número de alunos que em média um professor tem, porque por lá consta que é uma média de 7 ou 8 alunos/professor.

Respondi ao e-mail, mas resolvi acrescentar toda esta informação…

Falaram em muita Burocracia? Que os Professores que não trabalham e têm muito tempo livre, muitas férias? Que os Professores dão as suas "aulitas" e estão na sala de professores aos "montes" sem fazer nada?

ENTÃO PERGUNTO QUEM FAZ TUDO ISTO? O GATO DA VISINHA?

Não falei das aulas de substituição…

Também me esqueci, de lembrar que um professor é um ser, com direito a uma vida pessoal, a constituir família e a ter horas e momentos felizes e livres….

ATÉ HOJE, NÃO ME QUEIXAVA DO TRABALHO…

MAS AGORA, DIGO "BASTA"

BASTA DE MAIS BUROCRACIA, DEIXEM-ME DAR AULAS…

E SOBRETUDO, NÃO ADMITO QUE ME AO FIM DE TUDO ISTO…

ME DESRESPEITEM…

QUE ME CHAMEM DE "PROFESSORZECA"

QUE NÃO FAÇO NADA…

E DIGAM QUE NÃO ENTENDO A LEGISLAÇÃO…

AGORA PENSEM, QUANDO O ESTATUTO DO ALUNO ENTRAR… E A SUPOSTA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO?

TU ACHAS QUE VAIS AGUENTAR?



via email

Carta aberta À Exmª Srª Ministra da Educação


Carta aberta À Exmª Srª Ministra da Educação

"Danos colaterais ou as infelizes injustiças do processo de reforma da educação em Portugal"
Amadora, 4 de Março de 2008
Exm.ª e Digníssima Sr.ª Ministra da Educação
Quero, antes de mais, começar por afirmar que nada de pessoal me move contra a sua pessoa, com a qual já tive a oportunidade de privar cordata e elevadamente enquanto elemento do Conselho Executivo do meu Agrupamento de Escolas, apenas quero expressar frontalmente a minha mágoa e discordância face às políticas que o seu ministério tem vindo, apressada e atabalhoadamente, a implementar que para além da melhoria do sistema educativo (quero acreditar que essa será mesmo uma finalidade!), tem o objectivo claro, mas não afirmado para a opinião pública, de reduzir os custos do ME em recursos humanos educativos.
Como estou quotidianamente no terreno, tenho consciência plena do estado de alma e de espírito de muitos professores que, como eu, estão indignados com as alterações substanciais em termos de expectativas de carreira e de direitos laborais, dignamente conquistados em anteriores legislaturas, que a vil política do seu Ministério nos tem vindo a impor. A adesão maciça de mais de 2/3 dos professores do país à manifestação no passado Sábado (8/3/2008) é disso reflexo e, muito do que aqui vou expor, que é naturalmente pessoal, tem apenas a intenção de se constituir como um exemplo que possa representar muitíssimos outros casos similares que existirão por esse país fora, de professores que, como eu, se sentem injustiçados.
Disse meu Agrupamento de escolas com propriedade, porque a ele dediquei de alma, coração e brio profissional os últimos 16 anos da minha vida, senão vejamos:
Integrei sempre o Conselho Pedagógico (primeiro da escola e depois do Agrupamento de escolas); integrei, desde o início, a Assembleia constituinte, depois a Assembleia de Escola e depois a Assembleia constituinte do Agrupamento de escolas, às quais presidi durante 2 mandatos; integrei, por 3 mandatos, o órgão de gestão da escola/Agrupamento; fui Coordenador dos Directores de turma (Professor coordenador de curso) por 2 mandatos; fui por diversas vezes director de turma; liderei os processos de construção e de actualização do Projecto Educativo de Escola e do Regulamento Interno da escola e depois do Agrupamento de escolas; liderei, sem consultadoria prevista, o processo de construção do projecto do Agrupamento de escolas para a segunda fase dos TEIP, por si protocolado em primeiro lugar; liderei durante 6 anos o Projecto "Viva a Escola", tendo a nossa escola integrado desde a 1.ª hora a Rede Nacional de Escolas Promotoras de Saúde e uma das 10 a integrar a Rede Europeia de Escolas Promotoras de Saúde; desde o 2.º ano de permanência na escola que dinamizo grupos-equipa de futsal, sempre com comportamentos e resultados muito dignos; para além disto fui sempre professor de Geografia e das novas áreas curriculares não disciplinares de Formação Cívica e Área Projecto.
Ao longo de todo este percurso orgulho-me de nunca ter feito nenhuma participação disciplinar de um aluno e os dedos de uma mão são demasiados para contar o número de vezes que apliquei ordens de saída da sala de aula. Até dos resultados escolares dos meus alunos tenho orgulho, apesar de trabalhar numa escola da Amadora, com um público-alvo complicado, maioritariamente proveniente de bairros sócio-culturalmente desfavorecidos e de países africanos de língua oficial portuguesa, com graves lacunas de base e dificuldades no acesso a recursos educativos fundamentais, para além dos problemas comportamentais que frequentemente apresentam.
Não fosse o congelamento da contagem de tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira docente, que vigorou, como é sabido, de 29/8/2005 a 1/1/2008, teria transitado para o 8.º escalão em 6/10/2006 (índice 245 do anterior estatuto da carreira docente). Não fosse o mesmo congelamento, teria completado os 18 anos de serviço docente necessários para efeitos de concurso para provimento de professores titulares, para o qual tinha os pontos mais do que suficientes para salvaguardar os quesitos exigíveis. Não tinha era ainda a experiência-tempo considerada suficiente para desempenhar as funções que se atribuem no Decreto-Lei nº 15/2007 aos professores titulares! Sr.ª Ministra, o tempo de serviço cumprido não é forçosamente sinónimo de trabalho de qualidade desenvolvido e experiência positiva adquirida, como facilmente o meu currículo pode atestar. Será que não tenho maturidade profissional (idade e tempo de serviço não tenho) para ter a experiência profissional necessária para desempenhar com qualidade as funções e atribuições nas estruturas de gestão intermédia que a lei confere aos professores titulares?!
Quero aqui expressar a minha profunda indignação e tristeza por viver num país em que o governo tem o colossal poder discricionário de pôr e dispor dos direitos constituídos dos cidadãos. Questiono-me se será legal e constitucional congelar a contagem de tempo de serviço que é efectivamente prestado, suspendendo, sem revogar, leis ainda vigentes? A ser legal e, pelos vistos será, na medida em que nenhum jurista arquitectou até agora argumento que o contrariasse, sinto-me profundamente vilipendiado nos meus direitos de cidadão e trabalhador honrado e brioso e enganado pelos meus governantes. Estou cansado (e só tenho 42 anos de idade) de carregar o país às costas por pertencer à classe social que mais "aperta o cinto", paga as cíclicas crises económicas e suporta as engenharias financeiras para cumprimento dos critérios económicos de convergência europeia, com a agravante de integrar a função pública culpada por todo o despesísmo excessivo do aparelho de estado. Coitados de nós!
Pago os meus impostos todos até ao último cêntimo, sem hipótese de fuga que force a despesas estatais para cobrança coerciva dos mesmos, perco poder de compra real há mais de uma década, com os não aumentos salariais, com os aumentos sistematicamente abaixo da inflação e até, atrevo-me a dizer, com a "subtracção" de tempo de serviço para progressão na carreira.
Sr.ª Ministra, desde 6/10/2003 que sou remunerado pelo índice 218 da tabela retributiva e, de acordo com as leituras que a lei e as orientações tutelares emanadas até ao momento para reposicionamento na nova carreira de professor, serei colocado no 4.º escalão, tendo ainda, de acordo com o meu tempo de serviço, que cumprir, na pior das hipóteses, mais 2 anos e 3 meses contados a partir da data de descongelamento da contagem de tempo de serviço (1/1/2008), que configura a minha transição para o 5.º escalão apenas em Abril de 2010 (neste caso estarei a ser remunerado pelo mesmo índice 218 durante quase 7 anos) e, na melhor das hipóteses, terei que cumprir mais 1 ano, 1 mês e 9 dias, o que fará com que mude para o 5º escalão em 9/2/2009 (nesta situação estarei a ser remunerado pelo mesmo índice 218 durante quase 6 anos). Recordo que na anterior carreira docente este índice deveria vigorar apenas durante 3 anos.
Quero lembrar a Sr.ª Ministra que organizei a minha vida em função das condições de remuneração e progressão na anterior carreira docente. Ingenuamente, não duvidei dos nossos governantes e, imbecilmente, contribuí com 3 filhos para o crescimento natural da população portuguesa, que tanto precisa de incrementar a sua natalidade para não ter de importar população e para salvaguardar a sanidade financeira do aparelho da segurança social futura do país. Comprei, ainda, com recurso a crédito, um modesto T3 em 2.ª mão, sem garagem, nem arrecadação e localizado no Casal de São Brás, que há 5 anos atrás me obrigava a um esforço mensal financeiro pouco acima dos 400€, que agora corresponde já a um valor acima dos 600€, apesar dos lucros astronómicos e das benesses fiscais que os bancos apresentam, como sabe, o dinheiro para o cidadão comum está muito caro!
Sr.ª Ministra na anterior estrutura da carreira docente, com 10 escalões, na qual se atingia o topo da carreira em 26 anos (a entrada na carreira fazia-se no 3.º escalão), esperaria alcançar esse desiderato em 2014 (não tendo acontecido o já falado congelamento). Com a nova estruturação da carreira chegarei ao topo da carreira de professor em 2013 ou 2014, mas com uma diferença salarial substancial: no antigo 10º escalão ganharia 3004,68€ (índice 340) e no actual 6.º escalão auferirei 2165,14€ (índice 245, ao qual deveria ter chegado em 2006 não tendo acontecido o congelamento). Estamos a falar num atraso de 7 ou 8 anos em termos remuneratórios, com uma diferença salarial superior a mais de 800€ mensais, convenhamos que é muito dinheiro! Para atingir o índice 340, admitindo que consigo ser um dos professores de excelência e consiga ter a sorte de abrirem vagas para professor titular na altura certa, precisarei de penar até 2026, ou seja até ter 60 anos para auferir aquilo que poderia auferir aos 50 anos de idade. Devo ainda recordar-lhe que nos processos de concertação social de governos anteriores a classe docente aceitou aumentos salariais menos substanciais por contrapartida da redução do número de anos de serviço necessários para se atingir o topo da carreira, conquistas que agora foram ignoradas e retiradas.
Sr.ª Ministra, qualquer merceeiro será capaz de fazer as contas para chegar à soma avultada de dinheiro que esta reestruturação da carreira docente que o seu ministério introduziu me vai sonegar ao longo da minha vida activa. Só lhe posso dizer que o meu sentimento é de fúria, ainda maior quando são públicas as somas avultadas que membros do estado e quadros técnicos superiores auferem, já para não falar das reformas chorudas que são pagas por tempo irrisório de serviço. Diga, duma vez por todas, ao país qual a verdadeira razão da actuação do seu Ministério que, obvia e prioritariamente, é a redução dos gastos em recursos humanos educativos.
Sr.ª Ministra, os meus pais investiram, com muito custo e sacrifício, na minha educação e formação profissional e eu investi numa carreira em prol da educação do meu país, porque aceitei as regras então estabelecidas legalmente. Os meus pais e eu sentimo-nos profundamente vigarizados com tamanha mudança nas regras do jogo. Somos pessoas e as pessoas merecem ser tratadas com respeito e dignidade. Não o estamos a ser! As regras, a serem alteradas, deveriam afectar apenas quem agora entrasse na carreira docente. Em democracia, sempre me ensinaram que direitos conquistados não devem ser sonegados. Ou não será assim?!
Quero sublinhar que acho a avaliação de desempenho necessária e uma condição para discriminar positiva e verdadeiramente os melhores professores. Não tenho receio dela. Concordo com alguns dos princípios enunciados e até acho que a melhor forma de o fazer é através de pares, só que por pares com formação adequada, o que ainda não houve tempo para acontecer, e com tempo para consolidar e operacionalizar de modo ágil e coerentemente justo este novo modelo que nos é imposto. Antes de se implementar este modelo dever-se-iam criar nas escolas as condições necessárias para a sua execução, ao contrário daquilo que está a ocorrer em que o início da implementação do modelo é coincidente com o momento em que ainda se estão a desenvolver as condições para que o possa ser.
Quanto ao facto dos resultados escolares dos alunos deverem influenciar a avaliação de desempenho dos docentes, parece-me, antes de mais, que se trata de um critério profundamente discricionário, não sendo o mesmo ser professor numa escola central, numa do interior ou numa da periferia das maiores cidades, tamanha é a heterogeneidade dos alunos. Mesmo numa mesma escola existem turmas melhores e piores e não é a mesma coisa ser professor de Matemática ou de Língua Portuguesa e professor de Educação Física ou Moral, por exemplo.
Pertenço a uma comunidade educativa que recebe continuamente alunos estrangeiros, especialmente dos PALOP. A este propósito quero dizer que, a meu ver, esses alunos deveriam beneficiar de um ano zero para integração sócio-escolar e desenvolvimento das competências no domínio da língua portuguesa, situação que certamente custaria muito dinheiro, que o país não quer gastar, mas que seria pedagogicamente menos violenta para os alunos e para a escola e provavelmente possibilitaria melhores resultados escolares. De qualquer modo, sou professor de Geografia e lido bem com o imperativo de alcançar melhores resultados escolares para os meus alunos. Enquanto escola, também poderemos salvaguardar esse desiderato para todas as áreas disciplinares, criando mecanismos que permitam aferir os progressos dos resultados escolares dos alunos, temo é que, em termos de efectiva e real aprendizagem dos alunos, os resultados a atingir não sejam proporcionais e, nesse sentido, estejamos a contribuir ainda mais para uma literacia iletrada da nossa população futura. Reformulemos programas, reduzamos o número de disciplinas/áreas curriculares, acabemos com as avaliações sumativas intermédias na escolaridade básica e acolhamos melhor os alunos estrangeiros, talvez assim seja mais fácil construir um melhor futuro para a nossa população escolar e para o país.
Se em relação aos resultados escolares, os professores têm dificuldade em se assumir como principais responsáveis – então e os pais, as famílias? Então e os alunos que não estão atentos, que não trazem o material escolar necessário, que não estudam, que são indisciplinados? Então e a sociedade civil que se mobiliza pouco enquanto parceira educativa? Então e a entrada de alunos estrangeiros na escola, em pé de igualdade com os alunos que têm o português como língua portuguesa? Então e os programas extensos e os currículos desajustados face aos anseios actuais da população discente? Então e a avaliação sumativa final nacional aplicada num sistema avaliativo que é essencialmente formativo e contínuo e, por isso, flexível localmente? – Já em relação ao abandono escolar a nossa impotência é ainda maior. Sr.ª Ministra, nenhum aluno abandona a escola porque não gosta do professor X, Y ou Z. As razões do abandono escolar são, na maioria dos casos, exógenas à escola. Estão na família, no bairro, na marginalidade, na impunidade crescente dos jovens da geração "nike" que praticam furtos e outras actividades ilícitas que lhes possibilitam com facilidade acesso aos bens que ambicionam sem grande esforço nem punição. Naturalmente que já tive alunos que abandonaram a escola, sem nunca me ter sentido responsável por isso. Muitos deles passam pontualmente pela escola para visitar antigos professores e funcionários. Será que é porque não gostam deles?!
Diz-nos a coerência e a maturidade, que provavelmente a sua equipa ministerial ainda não terá, que a generalização de novos modelos deve ser precedida por períodos de experimentação a fim de se avaliar a sua eficácia, limar arestas e introduzir correcções, que não aconteceram nem para o novo processo de avaliação de desempenho dos professores, nem para o novo modelo de gestão e administração escolar. O primeiro é-nos imposto através de uma profusão, normalmente tardia, de normativos e regulamentos que desencadeiam uma catadupa célere de novas tarefas que induzem confusão e introduzem ruído pedagogicamente desaconselhável ao normal decurso das actividades de ensino e aprendizagem dos alunos. Já em relação ao segundo, não sei mesmo se seria aconselhável uma reforma radical do anterior modelo de gestão e autonomia das escolas, na medida em que a avaliação realizada indicou a existência de 86% de lideranças fortes. Sendo assim, talvez fosse apenas aconselhável uma reestruturação do mesmo no sentido de corrigir as situações minoritárias de liderança fraca. Então e o que de bom, de positivo e de potencial o modelo tinha, despreza-se?! Não será isto gerir mal o que de bom os recursos educativos têm em Portugal?! Sr.ª Ministra parece-me que o modelo que agora nos impõe vem ferir os fundamentos da gestão democrática das escolas, ao concentrar poder, quase absoluto, no director executivo. Bem sei que as escolas podem agora preocupar-se em regulamentar internamente normativos e preceitos que defendam o princípio da democracia. Contudo, o director executivo futuro pode não os vir a respeitar, na medida em que a lei a isso o não obriga de modo explícito. De qualquer forma, com este ou outro modelo de gestão, cá estaremos, eu e os meus colegas professores, para lutarmos e defendermos os interesses educativos desta comunidade escolar, assim a legislação não nos levante obstáculos!
Quero referir-me agora a uma das principais bandeiras da política do seu ministério – as aulas de substituição. Para o poderem ser, teria sido necessário proceder a uma avaliação séria do seu processo de implementação, o que me parece ainda não ter acontecido. Não sei se sabe mas, em muitas escolas, estas não existem para todas as situações de ausência de professores, por indisponibilidade de recursos humanos; numa parte considerável das mesmas não são trabalhadas questões da disciplina, apesar de obrigarem ao averbamento de faltas aos alunos na disciplina que têm em horário; para além de que uma parte considerável dos problemas de indisciplina que acontecem nas escolas, ocorrerem em aulas de substituição. Sr.ª Ministra, quando era aluno adorava ter "furos", serviam para brincar, conviver e descontrair. Tive muitos, outros fi-los eu, e não fui, por isso, pior aluno, nem sinto que tenha tido maus professores, uma má escola e uma educação deficiente, antes pelo contrário. Quanto ao contributo das aulas de substituição para o sucesso escolar dos alunos, não existem, ainda, dados sólidos que o comprovem. Penso mesmo não existir uma correlação directa entre uma coisa e outra, porque em muitas delas não se exploram conteúdos programáticos, sendo apenas "entretidos" os alunos. Nesta perspectiva, é muito mais válido o processo de trocas entre professores para diminuir o absentismo docente e promover a aprendizagem.
Bem Sr.ª Ministra, esta carta já vai longa e, como pretendo que a Sr.ª ou alguém do seu gabinete a leiam na íntegra, resta-me terminar voltando a pegar numa das afirmações mais proferidas em termos de discurso do seu ministério para a opinião pública: "estas reformas na educação visam o superior interesse educativo dos alunos e a discriminação positiva dos melhores professores ". Não percebo como se descriminam positivamente os melhores professores com quotas por agrupamento de escolas. Até parece que passa a haver uma carreira por agrupamento em vez de uma única carreira nacional! A existência de quotas tem em si mesmo, no meu entendimento, o único fim de dotar todas as escolas com o número mínimo indispensável de recursos humanos para assegurarem o desempenho das funções e tarefas de gestão intermédia, mesmo que em algumas escolas possam não existir professores que satisfaçam os requisitos exigíveis para o efeito e, noutras, o possam existir em demasia. Apesar de não concordar com a fractura da carreira em 2 corpos, penso que seria mais inteligente, no sentido de atribuir justiça e equidade ao processo, rodar professores entre escolas próximas para garantir as necessidades de gestão intermédia de todas as escolas pelos professores mais competentes sem ferir a premissa de nos encontrarmos todos na mesma carreira e em igualdade de direitos e oportunidades (na mesma óptica do concurso público para director de escola!!!), que é retirada através deste processo de dotação de vagas para titular escola a escola apenas para os professores que nelas leccionam.
A fractura da carreira é puramente uma medida economicista. Não faz sentido que numa carreira que se diz docente, a essência da docência, que é a leccionação, seja desvalorizada em relação a outras tarefas, muitas das vezes, apenas burocráticas e administrativas de gestão intermédia. Não entendo esta necessidade de separar os professores dos outros que têm a superior maturidade e competência necessárias para o competente desempenho de cargos de gestão intermédia, entre os quais, eu e tantos outros como eu, não têm, naturalmente, cabimento, por infelicidade madrasta! Devemos ser um dano colateral desta "guerra" que edificará os alicerces de um melhor futuro educativo para o nosso país!!!
Com respeitosos cumprimentos.
Orlando Rodrigues Fonseca
Professor de Geografia do quadro de nomeação definitiva do
Agrupamento de Escolas Cardoso Lopes
Nota: Esta carta será também enviada para a Presidência da Republica, para o Secretário de Estado da Educação, para a FENEPROF, para a CONFAP e para os gabinetes dos Secretários gerais dos partidos políticos PS, PSD, CDS-PP, BE e CDU.

Publicada por Movimento dos Professores Revoltados em 18:11



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quinta-feira, 19 de junho de 2008

ERSE


Mais uma Golpada – ERSE
Era uma vez um senhor chamado Jorge Viegas Vasconcelos, que era presidente de uma coisa chamada ERSE, ou seja, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, organismo que praticamente ninguém conhece e, dos que conhecem, poucos devem saber para o que serve. Mas o que sabemos é que o senhor Vasconcelos pediu a demissão do seu cargo porque, segundo consta, queria que os aumentos da electricidade ainda fossem maiores. Ora, quando alguém se demite do seu emprego, fá-lo por sua conta e risco, não lhe sendo devidos, pela entidade empregador, quaisquer reparos, subsídios ou outros quaisquer benefícios.
Porém, com o senhor Vasconcelos não foi assim.
Na verdade, ele vai para casa com 12 mil euros por mês, ou seja, 2.400 contos, durante o máximo de dois anos, até encontrar um novo emprego.

Aqui, quem me ouve ou lê pergunta, ligeiramente confuso ou perplexo: «Mas você não disse que o senhor Vasconcelos se despediu?». E eu respondo: «Pois disse. Ele demitiu-se, isto é, despediu-se por vontade própria!». E você volta a questionar-me: «Então, porque fica o homem a receber os tais 2.400contos por mês, durante dois anos? Qual é, neste país, o trabalhador que se despede e fica a receber seja o que for?».

Se fizermos esta pergunta ao ministério da Economia, ele responderá, como já respondeu, que «o regime aplicado aos membros do conselho de administração da ERSE foi aprovado pela própria ERSE». E que, «de acordo com artigo 28 dos Estatutos da ERSE, os membros do conselho de administração estão sujeitos ao estatuto do gestor público em tudo o que não resultar desses estatutos».
Ou seja: sempre que os estatutos da ERSE foram mais vantajosos para os seus gestores, o estatuto de gestor público não se aplica.

Dizendo ainda melhor: o senhor Vasconcelos (que era presidente da ERSE desde a sua fundação) e os seus amigos do conselho de administração, apesar de terem o estatuto de gestores públicos, criaram um esquema ainda mais vantajoso para si próprios, como seja, por exemplo, ficarem com um ordenado milionário quando resolverem demitir-se dos seus cargos. Com a bênção avalizadora, é claro, dos nossos excelsos governantes.

Trata-se, obviamente, de um escândalo, de uma imoralidade sem limites, de uma afronta a milhões de portugueses que sobrevivem com ordenados baixíssimos e subsídios de desemprego miseráveis. Trata-se, em suma, de um desenfreado, abusivo e desavergonhado abocanhar do erário público.

Mas voltemos à nossa história. O senhor Vasconcelos recebia 18 mil euros mensais, mais subsídio de férias, subsídio de Natal e ajudas de custo. 18 mil euros seriam mais de 3.600 contos, ou seja, mais de 120 contos por dia, sem incluir os subsídios de férias e Natal e ajudas de custo.

Aqui, uma pergunta se impõe: Afinal, o que é - e para que serve - a ERSE? A missão da ERSE consiste em fazer cumprir as disposições legislativas para o sector energético. E pergunta você, que não é burro: «Mas para fazer cumprir a lei não bastam os governos, os tribunais, a polícia, etc.?».

Parece que não. A coisa funciona assim: após receber uma reclamação, a ERSE intervém através da mediação e da tentativa de conciliação das partes envolvidas. Antes, o consumidor tem de reclamar junto do prestador de serviço. Ou seja, a ERSE não serve para nada. Ou serve apenas para gastar somas astronómicas com os seus administradores. Aliás, antes da questão dos aumentos da electricidade, quem é que sabia que existia uma coisa chamada ERSE?
Até quando o povo português, cumprindo o seu papel de pachorrento bovino, aguentará tão pesada canga?
E tão descarado gozo?
Politicas à parte estou em crer que perante esta e outras, só falta mesmo manifestarmos a nossa total indignação.
Já agora façam lá o favorzinho de reenviar para a V/ lista de amigos, pelo menos sempre se fica a saber de coisas importantes que retiram toda a credibilidade a esta cambada de MALANDROS deste País, que de País só começa a figurar o nome.

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Caça-Políticos

Farto de políticos?! Ok, então tentem não acertar na Madre Teresa de Calcutá, e baganha nos bichos.

Formação aos sábados

Formação de professores - PREPAREM-SE PARA TRABALHAR 6 DIAS POR SEMANA

Uma vez mais, o respeito e a consideração pelo trabalho dos professores.

Colegas leiam e passem ao maior número de pessoas, professores ou não, que conheçam.

Está no site do SPGL mas como está com erro aqui vai o texto.

Atrevo-me a dizer não permitam que nos obriguem a fazer formação aos sábados. No Estatuto da Carreira Docente a formação está prevista, penso eu no Artº 109 e claro que não é ao sábado.

Presente Envenenado, mais uma para a Indignação dos professores. Os colegas de Educação Especial de alguns agrupamentos estão a receber ordens para realizarem 50 horas de formação dada pelo Ministério de Educação. Foi a promessa da Ministra da Educação na Assembleia da Republica, e a oferta de formação é sempre para louvar.

Porém, acontece que a formação publicitada será aos sábados, das 9h às 16h, de 8 de Março até finais de Maio, em diversas Escolas Superiores de Educação privadas e públicas (ESE de Lisboa, ESE João de Deus, ESE Maria Ulrich...)

O horário de trabalho dos docentes desenvolve-se em cinco dias lectivos conforme estipula o artigo 76º do ECD e o artigo 82º menciona, claramente, que deve ser feita na componente não lectiva, o que remete para os horários, porque nem na componente individual de trabalho poderá ser.

A formação aguarda regulamentação, porém o ponto dois do artigo 109ª é claro e afirma que «As dispensas para formação da iniciativa de serviços centrais, regionais ou do agrupamento de escolas ou escola não agrupada a que o docente pertence são concedidas preferencialmente na componente não lectiva do horário do docente.»

Assim, a formação oferecida pelo ME enquadra-se fora dos cinco dias de serviço porque realizada ao sábado, logo são horas extraordinárias!

Assim, a formação oferecida pelo ME não se enquadra, conforme o artigo 82º do ECD, no projecto educativo de agrupamento ou de escola, nem no plano anual de actividades.

Assim, a formação oferecido pelo ME não foi submetida ao Conselho Pedagógico dos Agrupamentos, não foi aprovada por este como integrando o plano anual de actividades.

O SPGL sugere e pede aos docentes que:

· Solicitem ao ME quais os critérios de selecção para a formação;
· Informem o ME que não foi submetido a Conselho Pedagógico o plano de formação;
· Informem o ME que a formação não se enquadra na componente não lectiva estabelecida pelos agrupamentos;
· Solicitem o pagamento de horas extraordinárias, das deslocações, do pagamento de refeições (pequeno almoço e almoço), conforme o Decreto-Lei n.º 106/98, de 24 de Abril
· Recordem o ME da legislação estabelecida por ele no ECD.

Este é o momento da INDIGNAÇÃO DOS PROFESSORES, porque ASSIM NÃO SE PODE SER PROFESSOR permanentemente desrespeitado e desconsiderado pelos responsáveis do ME.
via email
Levantamentos nas caixas ATM vai custar 1,50€

Os bancos preparam-se para nos cobrarem 1,50€ por cada levantamento nas caixas ATM.

Isto é, de cada vez que levantar o seu dinheiro com o seu cartão, o banco vai almoçar à sua conta. Este “imposto” (é mesmo uma imposição, e unilateral) aumenta exponencialmente os lucros dos bancos, que continuam a subir na razão directa da perda de poder de compra dos Portugueses.
Este é um assunto que interessa a todos os que não são banqueiros e não têm pais ricos.

Quem não estiver de acordo e quiser protestar, assine a petição e reencaminhe a mensagem para o maior número de pessoas conhecidas.
http://www.petitiononline.com/bancatms/

Total Signatures: 288.232 é preciso ultrapassar o 1.000.000


DIVULGUEM ESTE EMAIL, P.F.
JÁ CHEGA DE SERMOS ROUBADOS PELA BANCA AO COBRO DA LEI.
JÁ SÓ FALTA UMA PETIÇÃO PARA MUDAR A LEI.
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Interessa a todos!!! Em que escola foi?! Ver anexo


Origem: Uma escola EB 2,3 da Grande Lisboa. Podia ser qualquer outra...


Aqui vai, devidamente ocultada a identidade do autor, um pedaço daquilo que está por detrás da Escola Portuguesa do Séc. XXI:


- alunos que faltam "porque sim", professores acusados de "não dar aulas" numa "semana +" (de que se indicam a seguir as múltiplas actividades) que mobilizou toda a Comunidade Educativa (o que levou os professores a trabalhar muito para além do horário normal e mesmo ao fim-de-semana na escola) e que mereceu, por parte do Ministério da Educação, um louvor...


Ao longo desta semana, alunos, professores, encarregados de educação e comunidade em geral participaram nas seguintes actividades:

- Jogos tradicionais e dança;

- Semana do Inglês (Tea Room);

- Oficina de Informática;

- Colheita de Sangue (Instituto Português de Sangue);

- Feira do livro e feira da alimentação e jardinagem;

- Palestras /Debates /Sessões de esclarecimento dinamizados por técnicos especializados - ("Download ilegal – O que está em causa?"; "Piercings e tatuagens"; "Distúrbios alimentares"; "Alterações Climáticas"; "Viagem ao mundo da droga"; "Medicinas Alternativas"; "Reanimação e primeiros socorros"; "Violência doméstica" e Escola de Pais e Educadores: "Hiperactividade, Bullying e Yoga para crianças e adolescentes";

- Rastreios óptico e dentário;

- Exposições "Invasões Francesas e Linhas de Torres"; "Violência e Paz"; Plástica; EscolArte; Portugal - "A sua história"; Segurança na Escola (Escola Segura) e Peixes do Oceanário;

- Museu do Brinquedo;

- Visita ao Forte da Feira (Invasões Francesas e Linhas de Torres);

- Relógios de Sol – "Onde estás? Que horas são?";

- Angariação de fundos para a Instituição Ajuda de Mãe;

- Sketches do Clube de Teatro;

- Semana do Francês (Crepes, visionamento de filmes e exposições);

- "Lucena Bar" dinamizado por encarregados de educação;

- "Zenius no Agrupamento da Malveira" (insuflável temático);

- Laboratório aberto de Ciências Naturais;

- "Apresentação musical" pelos alunos do 2º ciclo;

- Demonstração da GNR - (cães, cavalos e viaturas);

- Apresentação do grupo "Eclodir Azul" (Rufadores);

- Graffitis – "Arte ou Vandalismo


Comentários, para quê?! É um Encarregado de Educação, como infelizmente há tantos em Portugal...


Sabemos a Escola que temos, resta saber que futuro está reservado a tão pobre país!





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Gasóleo a 0,80 €

GASÓLEO A 0,80€ PARA OS IATES

O Governo democrático e maioritário do PS tem por hábito quando é confrontado com realidades, apontar os canhões para o PSD, seu parceiro do «Bloco Central de Interesses».

Mas agora, todos ficam a saber : os que têm iates e embarcações de recreio que através do Artº 29 do Cap. II da Portaria 117-A de 8 de Fevereiro de 2008, beneficiam de gasóleo ao preço do que pagam os armadores e os pescadores.

Assim todos os portugueses são iguais perante a Lei, desde que tenham iates

É da mais elementar justiça que os trabalhadores e as empresas que tenham carro a gasóleo o paguem a 1,42€, e os banqueiros e empresários do 'Compromisso Portugal' o paguem a 0,80€, e é justo, porque estes não têm culpa que os trabalhadores não comprem iates!!!


Porreiro pá !...

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segunda-feira, 16 de junho de 2008

Já chega! VERGONHOSO!

Isto já é demais... Passem esta notícia VERGONHOSA !!!
«EDP cobra a todos os clientes as dívidas de alguns»
Um cliente exemplar, que paga as contas todos os meses, incluindo a da electricidade, pode vir a ter de pagar também as facturas dos clientes da EDP que não pagam.

A proposta está em cima da mesa para consulta pública – e, foi apresentada pela Entidade Reguladora para o Sector Energético, que aceita, assim, uma reivindicação antiga da EDP.

A ideia é que a EDP possa distribuir, já a partir do próximo ano, as dívidas consideradas incobráveis por todos os clientes particulares e empresas.

O montante este ano, de acordo com o Diário de Notícias, deve ultrapassar os 13,5 milhões de euros. O que representa perto de 0,3% da facturação total da empresa.

Feitas as contas, cada cliente teria um acréscimo de pouco mais de um euro na sua factura.

A decisão será tomada até ao final de mês de Julho.



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sábado, 14 de junho de 2008

Dia Mundial da Criança, uma aventura

No passado domingo, dia 1 de Junho de 2008, passeei com a minha filha no jardim da cidade, e cruzei-me com vários pais e mães que acompanhavam também os seus filhos. Na expectativa de que poderíamos encontrar um simpático palhaço a distribuir balões ou qualquer coisa do género, mais ou menos simbólica mas, qualquer coisa… Não havia nada de especial para as crianças nesse dia.
Vi sim, um indivíduo do sexo feminino com pinta de agarradíssimo, adquirir a 5 metros de mim, o material necessário para fugir à realidade. O tal polícia que me multou a propósito de uma matrícula desadequada, não estava lá. . . nem os seus colegas e chefes imaginam, coitados, quem são os ‘dealers’ da minha terra.
Se tivesse andado mais uns quilómetros, teria encontrado motivo de diversão.
Numa altura em que a maior parte daqueles com que nos cruzamos na vida ou na rua
exibem claros e evidentes sinais de tristeza, preocupação, revolta e desencantamento;
Numa altura em que reconhecidamente os nossos governantes afirmam não ter capacidade de resolver os principais problemas que afligem o comum dos mortais (taxas de juros a trepar tal como o preço dos combustíveis e de tudo o que é transportado, para não falar da saúde, justiça, educação, arte e cultura,...) ;
Iria encontrar o responsável pela pasta da Agricultura, do Desenvolvimento Rural, das Florestas e das Pescas, algures numa Zona de Caça do barrocal algarvio, a apanhar lixo, daquele selvaticamente lançado por cidadãos de má estirpe.
A alguns quilómetros mais para sul, pescadores zangados, faziam greve às saídas para o mar. O combustível que o senhor Ministro não paga para vir ao Algarve ajudar ao protagonismo dos caçadores e dos seus dirigentes, é caro demais para o vulgar dos mortais.
O senhor Ministro acha mais escandaloso o protesto dos pescadores, do que o comportamento do seu dirigente máximo da ASAE ao fumar num casino ou a desmentir as indesmentíveis metas e objectivos definidos para os respectivos inspectores.
O senhor Ministro não fala com os desgraçados do seu Ministério que enviou para o “quadro de disponíveis”, baixando-lhe implacavelmente os seus parcos rendimentos mensais, nem fala com qualquer um que entenda ter razões de queixa da sua política agrícola (será que tem alguma política?).
O senhor Ministro entende que cumprimentar os caçadores algarvios, numa acção de limpeza de lixo, é o que de mais importante há a fazer no Dia da Criança.
As campanhas de limpeza do espaço rural, desenvolvidas pela Federação de Caçadores do Algarve, carismaticamente liderada pelo senhor Vítor Bota Palmilha (tanto quanto se julga saber pela chamada vox populi, também ele um disponível do Ministério da Agricultura), são dignas de registo e da aprovação geral. Contribuem para mudar a imagem nem sempre positiva que os caçadores têm na opinião pública. Tiro o chapéu à organização da apanha do lixo, que conseguiu trazer um alto dirigente do Estado português junto do povo, numa acção da mais alta relevância para a sociedade e que o ambiente agradece.
Os caçadores no Algarve, todos eles (julgo eu) por razões lúdicas, são uma minoria que rondará os 18 000. Provavelmente os pescadores não serão em maior número, mas tenho certo de que contribuem muito mais positivamente para a economia regional e nacional que aqueles. Ainda assim, quase que aposto que, da próxima vez que o senhor Ministro vier ao Algarve, será concerteza para confraternizar novamente com os caçadores durante a tradicional Feira da Caça (mais ou menos e como habitualmente, daqui por um mês), e não para qualquer uma reunião de trabalho com os pescadores ou agricultores.
O Estado tem apoiado a Federação de Caçadores e os dirigentes de ambos os lados encontram-se com a assiduidade que muito bem entendem. Mas não me digam que ninguém tem nada a ver com isso. Temos sim, temos o direito de, pelo menos questionar o que vão fazendo com o dinheiro dos nossos impostos. E eu, pelo menos, não acolho com agrado a ideia de o senhor ministro se transportar numa viatura que não é a sua viatura pessoal, com combustível do orçamento do Estado, ao invés de ser do seu próprio pessoal, para participar numa acção de propaganda de uma Federação de Caçadores, por muito interessante e folclórica que seja essa iniciativa.

Será que o senhor Presidente da Federação de Caçadores do Algarve exerce um magistério de influências suficiente para mobilizar tantos dirigentes do Estado numa jornada de limpeza? Ou será que o senhor Ministro, encontrando-se mal visto no mar pelos pescadores, procurou em terra o apoio dos caçadores? Será a lei das compensações? Uma espécie de Yin-Yang da política agrícola comum para a protecção dos stocks das espécies marinhas, versus exploração sustentada dos recursos cinegéticos?

E já agora . . . : o nemátodo do Pinheiro será Yin? O declínio do Sobreiro será Yang? A caça será agora branca porque a pesca está preta? E como tudo está em ciclo, será que daqui por uns tempos não será o contrário?

Será que qualquer dia veremos o sr. Ministro a vestir um fato de mergulhador para apanhar lixo do fundo do mar? Será programa para o próximo Dia da Criança? Se for, contará com a minha simpatia, desde que, claro, não gaste com isso, um velho tostão do erário público.



José Filipe

Nota à Comunicação Social.


FENPROF, NO M.E., PROPÕE REGRAS PARA ACABAR COM ABUSOS NOS HORÁRIOS DE TRABALHO DOS DOCENTES
Pela primeira vez na Legislatura, o ME foi obrigado a negociar com a FENPROF as normas sobre organização de um ano escolar – o próximo –, incluindo as regras para a elaboração dos horários dos docentes. Isto só foi possível na sequência do Memorando de Entendimento, que o ME teve de subscrever com as organizações sindicais em 17 de Abril, p.p., no qual ficaram previstas algumas normas gerais, designadamente quanto ao número de horas de componente não lectiva de estabelecimento, bem como a obrigatoriedade de dedução anual, nessa componente, das horas de formação contínua que o docente tiver de frequentar.
Foi neste quadro que a FENPROF apresentou propostas que vão no sentido de:
- As horas de apoio educativo ficarem claramente identificadas como sendo lectivas;
- As escolas poderem, no quadro da sua autonomia, considerar o número de turmas e de níveis atribuídos a cada docente, e não apenas o número de alunos, para determinação do número de horas de componente individual de trabalho a que o docente terá direito;
- As horas de formação contínua serem, efectivamente, deduzidas na componente não lectiva de estabelecimento;
- Ser aumentado o crédito de horas a atribuir às escolas, tendo em consideração todas as respostas que lhes são exigidas;
- Impedir o ME de prever a possibilidade de leccionação de uma qualquer disciplina por parte de docentes sem habilitação própria ou profissional para a mesma;
- Ser definido um número máximo, semanal, de horas, nunca superior a duas, para a participação em reuniões;
- Ser definido um número máximo de horas da componente não lectiva de estabelecimento, nunca superior a duas, para actividades de substituição.
Estas foram algumas das propostas verbalizadas pela FENPROF que serão apresentadas por escrito até ao início da próxima semana. Com vista a continuar esta negociação, ficou prevista nova reunião para o próximo dia 25 de Junho, a partir das 11 horas.

DEPOIS DA EXIGÊNCIA DE NEGOCIAÇÃO DO CALENDÁRIO ESCOLAR PARA 2008/2009, M.E. ABRIU A DISCUSSÃO E ADMITE ALTERAÇÕES

Na sequência das exigências da FENPROF, foi aberto, também, um processo de discussão sobre o projecto de calendário escolar para 2008/2009. Nesse âmbito, a FENPROF apresentou propostas que vão no sentido de à Educação Pré-Escolar se aplicar o calendário escolar previsto para o Ensino Básico, bem como de serem fixados limites temporais para o desenvolvimento de actividades lectivas no âmbito dos cursos profissionais, cursos de educação e formação e cursos de educação e formação de adultos. No dia 25 de Junho esta matéria continuará a ser discutida.

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO: FENPROF EXIGIU INTERVENÇÃO CONTRA ABUSOS E ILEGALIDADES

A FENPROF aproveitou a oportunidade para exigir que o Ministério da Educação enviasse às escolas, com a máxima urgência, alguns esclarecimentos sobre o processo de avaliação a desenvolver este ano, de forma simplificada e uniformizada, impedindo abusos e ilegalidades que têm surgido em alguns casos e que contrariam, não apenas o Memorando de Entendimento, mas, também, o Decreto Regulamentar n.º 11/2008, de 23 de Maio, que dele resultou.

Foram entregues, ao ME, fichas e grelhas de avaliação de cinco escolas que ilustram o que se referiu, exigindo-se, nestes casos, uma intervenção directa da administração educativa. Tais fichas prevêem desde a aplicação de procedimentos que, este ano, foram suspensos (por exemplo, a consideração dos resultados escolares dos alunos), até à participação dos alunos na avaliação dos docentes. Estas fichas chegaram à FENPROF através do Mail Verde criado para acompanhar a implementação da avaliação de desempenho nas escolas e agrupamentos.

FORMAÇÃO CONTÍNUA: M.E. DEIXOU EXPIRAR PRAZOS NÃO PODENDO, AGORA, PENALIZAR OS DOCENTES

A FENPROF protestou pelo facto de o ME ter deixado expirar os prazos (60 dias) para informar sobre o financiamento das acções de formação propostas pelos centros de formação. Este atraso impede os docentes de acederem à formação ou, em alternativa, a terem de a pagar, o que é ilegal. Face à situação criada, a FENPROF considerou que, no final do próximo ano lectivo, o ME não poderá exigir aos docentes a apresentação de dois créditos de formação, referente a dois anos de serviço, quando, no primeiro, não houve oferta de formação financiada.

MOBILIDADE E REQUISIÇÃO DE DOCENTES:

DGRHE DEVERÁ CUMPRIR DISPOSIÇÕES LEGAIS

Por fim, a FENPROF exigiu que a DGRHE, para efeitos de destacamento e requisição de professores, respeitasse a lei no que concerne à contabilização dos quatro anos em que estes se poderão manter numa destas situações de mobilidade. Em apenas uma semana, a DGRHE já vai na terceira versão de orientações, sendo que apenas a primeira estava de acordo com a lei. Apesar de tudo, o ME já recuou na intenção de aplicar a contagem dos quatro anos, com efeitos retroactivos, a todas as situações. Esse procedimento ilegal já estava a criar sérias preocupações, por exemplo, em diversas instituições de ensino superior que, inesperadamente e de forma ilegal, perderiam inúmeros docentes que aí se encontram requisitados.

PRÓXIMAS REUNIÕES NO M.E. E OUTRA ACTIVIDADE DA "AGENDA" DA FENPROF

O calendário de reuniões que a FENPROF tem previsto para este mês de Junho é o seguinte:

- 18 de Junho: Reunião da FENPROF com a Senhora Presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores;

- 19 de Junho: Reunião para abertura do processo negocial de revisão da legislação de concursos e colocação de docente;

- 25 de Junho: Reunião para prosseguir as negociações hoje iniciadas;

- Junho (data a determinar): Reunião da Comissão Paritária criada no âmbito da Avaliação de Desempenho.

Ainda neste mês de Junho, a FENPROF tem previstas, no âmbito da sua actividade, as seguintes iniciativas e/ou reuniões:

- 18 de Junho: Iniciativa com participação das comissões regionais de docentes contratados e desempregados, pela estabilidade de emprego e contra a prova de ingresso na profissão;

- 25 de Junho: Reunião do Secretariado Nacional da FENPROF para reflexão e debate sobre a anunciada "reforma" do 2.º Ciclo do Ensino Básico;

- 26 e 27 de Junho: Reunião do Conselho Nacional da FENPROF.

O Secretariado Nacional

quinta-feira, 12 de junho de 2008

As diferenças de 30 anos



... mudam-se os tempos....



As diferenças de 30 anos...


Situação
O Pedro está a pensar ir até ao monte depois das aulas, assim que entra no colégio mostra uma navalha ao João, com a qual espera poder fazer uma fisga.

Ano 1978: O director da escola vê, pergunta-lhe onde se vendem, mostra-lhe a sua, que é mais antiga, mas que também é boa.

Ano 2008: A escola é encerrada, chamam a Polícia Judiciária e levam o Pedro para um reformatório. A SIC e a TVI apresentam os telejornais desde a porta da escola.

Situação
O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas.

Ano 1978: Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos e acabam por ir juntos jogar matrecos.

Ano 2008: A escola é encerrada. A SIC proclama o mês anti-violência escolar, O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a TVI insiste em colocar a Moura-Guedes à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.

Situação
O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas.

Ano 1978: Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma bronca de todo o tamanho. O Jaime volta à aula, senta-se em silêncio e não interrompe mais.

Ano 2008: Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalin. O Jaime parece um Zombie. A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.

Situação
O Luis parte o vidro dum carro do bairro dele. O pai caça um cinto e espeta-lhe umas chicotadas com este.

Ano 1978: O Luis tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai à universidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido.

Ano 2008: Prendem o pai do Luís por maus tratos a menores. Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua. Os psicólogos convencem a sua irmã que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre. A mãe do Luís começa a namorar com o psicólogo. O programa da
Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na TV do Manuel Luís Goucha.

Situação
O Zézinho cai enquanto praticava atletismo, arranha um joelho. A sua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar.

Ano 1978: Passado pouco tempo, o Zézinho sente-se melhor e continua a correr.

Ano 2008: A Maria é acusada de perversão de menores e vai para o desemprego. Confronta-se com 3 anos de prisão. O Zézinho passa 5 anos de terapia em terapia. Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos. Maria, no
desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, cai em cima de um carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda. O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham. A SIC e a TVI produzem um filme baseado neste caso.

Situação
Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado "chocolate" ao outro.

Ano 1978: Depois de uns socos esquivos, levantam-se e cada um para sua casa. Amanhã são colegas.

Ano 2008: A TVI envia os seus melhores correspondentes. A SIC prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude Skinhead finge revolucionar-se a respeito disto. O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.

Situação: Tens que fazer uma viagem.

Ano 1978: Viajas num avião de TAP, dão-te de comer, convidam-te a beber seja o que for, tudo servido por hospedeiras de bordo espectaculares, num banco que cabem dois como tu.

Ano 2008: Entras no avião a apertar o cinto nas calças, que te obrigaram a tirar no controle. Enfiam-te num banco onde tens de respirar fundo para entrar e espetas o cotovelo na boca do passageiro ao lado e se tiveres sede o hospedeiro maricas apresenta-te um menu de bebidas com os preços inflacionados 150%, só porque sim. E não protestes muito pois quando aterrares enfiam-te o dedo mais gordo do mundo pelo cú acima para ver se trazes drogas.

Situação
Fazias uma asneira na sala de aula:

Ano 1978: O professor espetava duas valentes lostras bem merecidas. Ao chegar a casa o teu pai dava-te mais duas porque "alguma deves ter feito"

Ano 2008: Fazes uma asneira. O professor pede-te desculpa. O teu pai pede-te desculpa e compra-te uma Playstation 3.

Situação: Chega o dia de mudança de horário de Verão para Inverno.

Ano 1978: Não se passa nada.

Ano 2008: As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão e caganeira.

Situação: O fim das férias.

Ano 1978: Depois de passar 15 dias com a família atrelada numa caravana puxada por um Fiat 600 pela costa de Portugal, terminam as férias. No dia seguinte vai-se trabalhar.

Ano 2008: Depois de voltar de Cancún de uma viagem com tudo pago, terminam as férias. As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão, seborreia e caganeira.
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5 mililitros de gasolina a seguir às refeições


A gatunagem apanhou-me, amigo leitor. Assaltaram-me o carro. E eram profissionais, os bandidos: deixaram o auto-rádio onde estava, desdenharam a minha carteira, mal escondida no porta-luvas, e não tocaram no GPS.
Levaram-me só os sete litros e meio de gasóleo que tinha no depósito. Espertalhões. Isto da carestia dos combustíveis também tinha de ter os seus inconvenientes.

Felizmente, as vantagens são inúmeras: há menos engarrafamentos, menos acidentes na estrada e menos carjacking. Com a gasolina a este preço, nenhum bandido no seu juízo perfeito rouba um carro. É meter-se em despesas. Por cada três Multibancos que assalta, dois são para pagar a gasolina necessária para as deslocações. É evidente que não compensa.

Mesmo assim, não faz sentido dizer que a vida está difícil, porque a verdade é que a morte está ainda pior. O Governo tem tudo previsto. Se o primeiro-ministro nos faz a vida negra, façamos-lhe a justiça de reconhecer que também nos torna a morte quase impossível. O suicídio, hoje em dia, está praticamente fora de hipótese. A imolação pelo fogo, tão popular no Médio Oriente, é-nos vedada pelo preço da gasolina. A escassez de sobreiros faz do enforcamento uma impossibilidade técnica. Comprimidos, nem pensar: as farmacêuticas vão-nos ao bolso. Apostar no cancro do pulmão é arriscado, porque quase não se pode fumar em lado nenhum. E as intoxicações alimentares são cada vez mais custosas, que a ASAE não dorme. A única hipótese é morrer de tédio, na fila para abastecer o carro nas bombas que vendem gasolina dois ou três cêntimos mais barata.

O que eu lamento, sobretudo, é a sorte daquela gente que tem o hábito de meter um valor de gasolina, e não uma quantidade. O leitor sabe como é: em vez de meterem 10 litros de combustível, estão habituados a ir à bomba meter 10 euros. Coitados. De há dois ou três anos a esta parte, tiveram uma surpresa. Em 2005, metiam 10 litros, e hoje metem uma colher de sopa. Dantes, enchiam o depósito com a mangueira, e agora abastecem com a colherzinha dos medicamentos.

Actualmente, é possível começar a encher o depósito e o preço do combustível aumentar duas ou três vezes enquanto se abastece. Uma pessoa pensa que tem dinheiro para atestar e no fim verifica que afinal tem de vender o carro para pagar a conta da gasolina. É possível, aliás, que o barril de crude tenha batido sete novos recordes desde que o leitor começou a ler isto. O melhor é ir encher o depósito antes que as estações de serviço comecem a vender gasolina em frasquinhos de perfume. Não deve faltar muito.

crónica do Ricardo Araujo Pereira da Visão

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